Duas vezes Calígula: debate sobre a escrita cênica de Como cansa ser romano nos trópicos

  • Howardinne Queiroz Leão Universidade de São Paulo

Resumo

O presente artigo pretende analisar as duas versões da encenação de Calígula ou Como cansa ser romano nos trópicos, adaptação da obra Calígula de Albert Camus pelo Teatro Experimental do SESC do Amazonas (TESC). A montagem foi apresentada em duas versões, nos anos de 1969 e 1971, e carregou características que as diferenciou na estética e na organização cênica, principalmente avaliando o período censório vigente. A primeira versão da montagem é considerada inovadora na região, pois se aproximou dos happenings e absorveu aspectos da contracultura, resultando em uma montagem despojada e interativa. Inspirou também um longa metragem ficcional ambientado a partir dessa montagem, entretanto, nunca finalizado. A segunda encenação preocupou-se em aprofundar as questões das personagens por meio de uma linha psicológica, aproximando-se de uma abordagem mais clássica sobre o texto. A metodologia envolve análise do diário de bordo do assistente de direção da segunda montagem Maurício Pollari, e entrevistas realizadas com ex-integrantes para complementar a bibliografia geral, que inclui autores que analisam o teatro brasileiro, além de algumas publicações disponíveis sobre o grupo. Pretendemos investigar pelos aspectos destes materiais os debates estéticos e políticos que nortearam naquele momento o grupo TESC, objeto de mestrado da autora, a fim de ampliar a discussão do teatro nortista na historiografia do teatro brasileiro.

Biografia do Autor

Howardinne Queiroz Leão, Universidade de São Paulo
História do teatro, teatro brasileiro.

Referências

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Programas de espetáculos

Programa da peça Calígula, adaptação de Nielson Menão e Aldísio Filgueiras. 1971. Manaus: Teatro Experimental do SESC.

Publicado
2020-05-28
Seção
História das Artes e do Espetáculo