A paródia no teatro musicado do século XIX: estudos sobre a opereta La belle Hélène

Resumo

A paródia, compreendida como revisão crítica distanciada de uma forma
discursiva codificada de amplo conhecimento, estabelece relações textuais ou
temáticas que dependem de graus de coincidência e diferença estabelecidos
entre o ato de codificação por parte do parodista e de decodificação por parte
do receptor (HUTCHEON, 1985), disso resultando obras ‘finais’ que percorrem
uma extensa linha de funções, em cujos limites estariam a reverência, ato de
instaurar a permanência, e o escárnio, ato de dessacralização (FIKER, 2000).
Com o estudo de três libretos – a opereta La Belle Hélène, de Henri Meilhac e
Ludovic Halévy (1866), a tradução portuguesa da ópera-paródia, A bela
Helena, por Mendes Leal (1869), e a peça cômica e lírica Abel, Helena, de
Arthur Azevedo (1877) – o texto observa a presença de procedimentos
paródicos a fim de compreender a função que exercem na obra, especialmente
por meio da discussão das relações estabelecidas com o objeto ‘matriz’. Dada
a importância da presença da opereta no século XIX brasileiro (PRADO, 2008),
procura perceber, historicamente, como o procedimento paródico contribui para
a durabilidade do gênero (RABETTI; MACIEL, 2012).