Ensaio Visual. Zonas de Ressaca

  • Simone Cortezão - Instituto Federal de Minas Gerais

Resumo

A sede era forte, na boca restavam os grãos de poeira vinda com o forte movimento dos caminhões. Sobre o bebedouro da antessala, alguns gráficos dos horários das partidas dos navios e fotos de trabalhadores sorridentes e equipados. Agora, os navios transitam dia e noite entre os oceanos. Apesar da capacidade de carregar toneladas, os imensos navios são por vezes imperceptíveis. A escavação silenciosa dos subsolos avança, com um fino pó incandescente solto ao vento. As sobras das montanhas e cidades são deixadas para trás, em uma espécie de conjunto de fronteiras - cidade, ruínas, indústria, matas produtivas, barragem, máquinas e cava. Como uma zona de ressaca, o que resta são os estilhaços de um lugar após ser arrombado, que carrega os lapsos e as sobras improdutivas.

Publicado
2019-01-18
Seção
Dossiê - Emergência da imagem crítica