Esse “troço” é arte? Religiões afro-brasileiras, cultura material e crítica
Resumo
O texto procura entender como artefatos fabricados e usados em práticas religiosas no Brasil vinculadas a sistemas religiosos de algumas regiões africanas foram enquadrados institucional e criticamente entre o final do século XIX e meados do século XX. Inicialmente, é pensado o processo de inserção e percepção social desses objetos a partir de confiscos feitos pela Polícia em comunidades religiosas, da divulgação pela imprensa, da constituição de coleções por diferentes tipos de instituições e indivíduos, de representações artísticas e do reconhecimento oficial como bem de valor nacional. Em seguida, são analisados quatro textos pioneiros, publicados em paralelo àquele processo por Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), Arthur Ramos (1903-1949) e Mário Barata (1921-2007), nos quais esses autores mobilizam variados campos disciplinares e sociais para defender a dimensão artística desses artefatos. Por fim, é avaliada a persistência desses modos de enquadramento institucional e crítico desde meados do século XX aos dias de hoje.
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