Manet, Manebit! O “Manet e a Antiguidade italiana” de Aby Warburg como autorretrato psico-intelectual

  • Uwe Fleckner

Resumo

O artigo traça o percurso de pesquisas de Aby Warburg sobre a produção pictórica de Édouard Manet e imagens de épocas pregressas para apresentar evidências do impacto desse trabalho não apenas ao entendimento do teórico sobre questões metodológicas envolvendo o trânsito histórico de motivos, como também na forma de uma reflexão autobiográfica e psicointelectual. A demonstração de relações imagéticas entre a Antiguidade, Rafaello Sanzio e Manet ocupa lugar central para Warburg, no sentido de construir uma genealogia da pintura Le déjeuner sur l’herbe (1863), que além de explorar o problema do Nachleben der Antike [Pós-vida do antigo] para além do âmbito do Renascimento ou Barroco, descortina um caminho em direção à expressão da emancipação humana na arte ocidental. Esse processo culminou na série de imagens Manet und die italienische Antike [Manet e a Antiguidade Italiana], trabalho que, além de indicar a identificação de Warburg com o pintor francês, também revelou um autodiagnóstico de uma existência maníaco-depressiva.

Publicado
2020-10-05
Seção
Dossiê - O retorno a Aby Warburg no discurso historiográfico artístico contemporâneo