Celly, Meire e Regiane: experiências midiáticas de três meninas do rock paulista
Rita de Cássia Lahoz Morelli
Unicamp
Resumo
Este artigo, que resulta de pesquisa financiada pela Fapesp, analisa as trajetórias das cantoras Celly Campelo, Meire Pavão e Regiane no disco e na televisão de São Paulo, entre as décadas de 1950 e 1960, com ênfase em sua experiência como mulheres e como artistas no contexto de um movimento musical marcadamente masculino, como foi o rock paulista pré-Jovem-Guarda. Em suas decisões profissionais e artísticas, as três sofreram influência semelhante de figuras masculinas que de alguma forma também as protegiam dos riscos ainda associados naquela época ao trabalho no rádio e na televisão por parte de mulheres. Celly foi influenciada por seu irmão, o cantor e compositor Tony Campello. Meire Pavão sofreu influência de seu pai, Theotônio Pavão, compositor e professor de violão, e de seu irmão, cantor e compositor Albert Pavão, autores de quase todas as músicas que veio a gravar. Regiane, aluna do mesmo Professor Pavão, saiu de sua órbita de influência após contrato com o selo Young, dirigido pelo produtor Miguel Vaccaro Neto, apenas para cair sob a órbita de influência deste. As três abandonaram suas carreiras mais ou menos prematuramente, e aventa-se aqui a hipótese de que o tenham feito em razão da forte dissonância existente entre a formação musical e moral que receberam como meninas na década de 1950 e o modelo de “juventude transviada” que estava associado ao ritmo musical a que se dedicavam.
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