Fonogramas, musicologia e performance no universo do Choro

  • Felipe Pessoa Escola de Música de Brasília
  • Ricardo Dourado Freire Universidade de Brasília

Resumo

A música urbana do século XX tornou-se popular a partir da divulgação realizada por meio das tecnologias de difusão, sendo que o rádio e o disco podem ser considerados importantes meios de transmissão das performances musicais. A tecnologia de gravação permitiu a fixação das realizações musicais por meio de fonogramas que então se tornam paradigmas para a recepção e aprendizagem de novos estilos musicais. As transformações na tecnologia de captação e registro dos fonogramas auxiliaram a definir a própria percepção dos objetos sonoros. O que foi gravado, no início das gravações mecânicas, tornou-se referência principal para os músicos de outras cidades e estados, que passam a tocar a partir da imitação das performances gravadas e não somente por meio de partituras ou performances ao vivo. No caso do choro, todo a construção dos acompanhamentos realizados pelos violões, cavaquinho e pandeiro sofreram influências tanto dos fonogramas quanto do rádio. A tecnologia de captação elétrica, que permitiu o registro e a transmissão dos programas musicais, aconteceu quando cantores e solistas instrumentais se apresentavam acompanhados pelos conjuntos regionais. A gravação estereofônica, desenvolvida a partir da década de 1950, possibilitou que instrumentos fossem gravados de maneira separada, e em várias tomadas, o que permitiu um maior grau de precisão e clareza musicais. A relação dialógica entre estilo de performance e tecnologia oferece subsídios para a musicologia abordar o desenvolvimento do Choro a partir das alterações que acontecem no contexto, permitindo a compreensão da relação entre artista e o meio no qual ele está inserido.

Biografia do Autor

Ricardo Dourado Freire, Universidade de Brasília

Departamento de Música

Universidade de Brasília

Performance e Música Popular

Publicado
2013-12-07
Edição
Seção
Artigos