Anais dos Seminários de Pesquisa do PPG Artes da Cena

Inquieto compartilhamento de perspectivas

Júlia Ferreira — Ter, 14 Set 2021 16:41:53 -0300

Este artigo tem como objetivo compartilhar reflexões obtidas no VIII Seminário Interno de Pesquisa do PPG Artes da Cena Mario Santana, por meio de conexões estabelecidas com as temáticas abordadas e, sobretudo, com conteúdos que repercutem nas questões da educação somática e seu acesso ao autoconhecimento. A sensibilidade do seminário com a estrutura e os assuntos apresentados mostra a importância da arte no estabelecimento das relações entre o sujeito, o outro e o ambiente. Assim, realizo aproximações entre dança, educação somática e respiração como forma de percepção e as múltiplas possibilidades que o corpo nos traz.

Violência Transfigurada: um diálogo sobre representação e interpretação entre as artes visuais e as artes do corpo

André Duarte Paes — Ter, 14 Set 2021 16:41:53 -0300

Este artigo aborda a violência intrafamiliar como diálogo de representação e interpretação entre as artes visuais e as artes do corpo no acervo de alguns artistas na atualidade. O estudo partiu de um olhar sobre a violência presente em muitos ambientes familiares como temática e sua influência na transfiguração de linguagens artísticas. A partir de um mapeado de obras artísticas que representam a temática da violência intrafamiliar, utilizou-se o método iconológico e iconográfico para promover reflexões e relações com novos saber/fazer artísticos.

Primeiros passos no campo da acessibilidade em artes da cena

Pamella de Caprio Villanova — Ter, 14 Set 2021 16:41:53 -0300

Este documento, em formato de descrição de compartilhamento temático, se trata de um percurso reflexivo. De provocações a pensar sobre acessibilidade nas artes da cena, a problemas de gestão, legislação e problemas poéticos que podem se tornar impulsos para a criação. Se há público excluído de seus direitos de fruição artística, como nós, gestoras culturais e artistas da cena, podemos exercitar o imaginar uma plateia cheia de diversidades? Como gestão e criação poética podem se articular diante de uma problemática tão profunda? Este texto é um registro de fala na Mesa “Acessibilidade em Artes da Cena” no VIII Seminário Mario Santana do Programa de Pós-graduação em Artes da Cena da UNICAMP, em 2020.

Processos de (re)criação da dança odissi na Índia pós independente: da sagrada performance das maharis à sua extinção

Andrea Itacarambi Albergaria — Ter, 14 Set 2021 16:41:53 -0300

Neste compartilhamento textual pretendo tecer observações acerca das atividades performáticas ritualísticas praticadas pelas mulheres maharis, cuja arte composta pela execução de danças e cantos devocionais era conhecida como nachaa bhava. Baseada na dramaturgia da obra literária sânscrita Gita Govinda (Jayadeva, séc. XII) e subsidiada pela patronagem real e religiosa de Odisha, Índia, dando status e consagração à estas mulheres por sua relação direta com Jagannatha, esta arte esteve presente na (re)construção da dança odissi, clássica, em 1950, no mesmo ano de sua extinção, época de movimentos intraculturais e interculturais sob o slogan “unidade na diversidade”, da pós independência. A investigação neste trabalho é sobre a presença da arte performativa ritualística de nachaa bhava, especialmente quanto à sua concepção coreográfica no repertório criado para a dança odissi e as implicações ritualísticas reverberadas.

Chieko Kojima e a internacionalização dos tambores japoneses

Rafael Mariano Garcia — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

O objetivo deste artigo é o estudo da trajetória da dançarina e tocadora de taiko japonesa Chieko Kojima. Pertencente à segunda geração de artistas de taiko contemporâneo, originário no pós-guerra japonês, Kojima é uma das fundadoras do popular grupo profissional Kodô, sediado na Ilha de Sado. Na década de 1980, foi criadora do estilo Hana-Hachijo, uma adaptação contemporânea do estilo folclórico Hachijô-daiko, originário da ilha de Hachijô, e idealizadora do grupo Hanayui. Seu trabalho, que mescla taiko, danças tradicionais e atuação cênica, influenciou, nas últimas décadas, artistas dentro e fora do Japão. Kojima também passou a promover residências artísticas, espetáculos e parcerias com grupos e coletivos em diversos países das Américas do Norte e do Sul, Europa, Ásia e Oceania, colaborando com o processo de internacionalização do taiko. Assim, o texto abaixo se esmera na reflexão a respeito da importância de Kojima no cenário internacional, reconhecendo-a como uma das mais importantes representantes e divulgadoras dessa arte. Considera-se, neste levantamento, estudos bibliográficos e filmográficos a respeito dessa artista.

FAQ de Pandora - O que torna uma memória coletiva?

Ana Carolina Pereira Salomão — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

A partir das inquietações e reflexões suscitadas pelo último Seminário Interno de Pesquisa Mario Santana, o presente ensaio tem como objetivo uma reflexão poética a respeito do mito e da memória e suas potências como elementos expressivos de ordem coletiva. Tendo as discussões levantadas pela mesa de compartilhamento “Relatos e Reflexões sobre Autobiografias, Autoficções e Temas Correlatos nas Criações Cênicas” e a pesquisa de mestrado “Que ‘Ai, de mim’ sai dessa boca? - Estudo e Prática sobre uma Medéia Contemporânea” como principais referenciais para abordagem, pretende-se pensar e associar o poder das narrativas mitológicas gregas e sua composição no mundo ocidental num diálogo constante entre a realidade e a ficção e sua consequente construção de memória. Para tanto, este ensaio utiliza-se do mito de Pandora, a primeira mulher que existiu, como material de jogo e estudo de arquétipos. Aqui, sua caixa mitológica se transforma num arsenal de perguntas.

関の小万 – Seki no Koman: Perspectivas fantasmagóricas de aprendizado

Leonardo Thim — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

Este trabalho é a escrita de um documento artístico sobre a experiência de aprendizado onnagata (kabuki de personificação feminina) com a dança introdutória 関の小万 / Seki no Koman, em duas aulas com a Sensei Yoshikoto Fujima, na Cia. Fujima Ryu de Dança Kabuki em relação à composição de fábula da dança em questão. Esta dança é comumente ensinada como primeiro contato com a dança kabuki para jovens e é considerada o básico, tendo em seus 5 minutos de coreografia alguns dos mais importantes movimentos de base para o aprendizado da dança feminina no kabuki, como o kamae (postura) e o suriashi (caminhada). A peça, apesar de ser dançada comumente por crianças, homenageia o fantasma de Koman, uma mulher treinada para vigar seu pai e sua mãe.

Um mergulho na fronteira entre gesto e gestus social

Amanda Stahl Homem de Bittencourt — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

Neste artigo procuro delimitar os conceitos de gesto e gestus social, presentes no teatro épico brechtiano. No percurso de delimitação dos termos foram usados como principais referências os autores Anatol Rosenfeld (1985 e 2012), Bertolt Brecht (1967 e 2005) e Ingrid Dormien Koudela (1999). Acredito que a gestualidade, através dos movimentos corporais cotidianos, traz uma memória pessoal do que foi vivido individual e coletivamente, na qual o gesto ordinário e rotineiro faz parte de um corpo político-social coletivizado. Quando essa corporalidade é levada ao palco, ganha novas proporções: é dilatada, roteirizada e ressignificada. No encontro do atuante com os elementos estéticos e dramatúrgicos, a linha que se inicia pelo gesto pode se findar no gestus social, se, ao observá-lo, consegue-se ter uma percepção do contexto social envolvido na ação.

Tirando os sapatos para entrar em sua casa

Marilia Vieira Soares, Cassiana Rodrigues Santana, Igor de Almeida Amanajás — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

Tirando os sapatos para entrar em sua casa é uma metáfora que traduz o costume oriental, que não é exclusivo da Índia e de Bali, e que significa respeito ao abrigo e aos senhores que habitam o local. Com essa referência, o texto pretende focar nos processos internos que ocorrem no contato com o trabalho corporal e na relação com os mitos que, neste caso, serão os mesmos, visto que Bali é um estado hinduísta da Indonésia, que é predominantemente é muçulmana. Esta proposta parte da premissa de uma identificação profunda da psiquê com os elementos destas culturas para comentar os processos de descobertas das técnicas e transformações que provocam todos os envolvidos nesta escrita, como artistas e pesquisadores. Pretende-se com isso oferecer uma contribuição para as reflexões sobre nós mesmos em tempos de globalização.

Percepções entre palcos e telas – as danças assistidas na palma da mão são para ficar?

Oliveira Hassegawa — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

É possível dizer que nunca se tenha dançado tanto para as telas quanto nesta travessia da pandemia da Covid-19. A proposta do artigo é criar um ponto de partida reflexivo sobre o formato das danças produzidas para a tela, dentre tantas, os smartphones na palma da mão. O título surgiu para o compartilhamento temático proposto por Cássia Navas ao VIII Seminário Mario Santana, sobre o corpo expandido em atuais “identidades/territorialidades” presentes nas cenas e contextos dum tempo-espaço hoje. Dessa forma, a pesquisa traz reflexões sobre as artes da dança para a tela (videodança) realizadas atualmente no Brasil.

Acessibilidade Cultural e o Seminário de Pesquisa Mário Santana: desafios e potências em tempos de pandemia

Daniella Forchetti — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

2020 foi um ano desafiador! Vivemos o afastamento social por conta do novo coronavírus. Nestes tempos pandêmicos, pudemos outrar o lugar das pessoas com deficiência que já viviam na situação de isolamento social. Muitos não gostaram e outros não sobreviveram. Mas também neste ano de 2020 demos um passo importante em direção à acessibilidade. Devido à suspensão das atividades presenciais no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena, da Unicamp, o VIII Seminário Interno de Pesquisa Mário Santana foi realizado no formato online e isso nos permitiu realizar a acessibilidade comunicacional, através da inserção da Audiodescrição, da Língua Brasileira de Sinais e da Legenda nos compartilhamentos temáticos. Pudemos também realizar uma mesa com a temática "Acessibilidade Cultural nas Artes Cênicas”, compartilhando através de nove pesquisadores, sendo três com deficiência, diferentes formas de mediação cultural, pensando em estratégias para fruição da arte para todes. Eu tive a oportunidade de realizar a audiodescrição do seminário e os convites acessíveis, em parceria com colegas da organização do evento, com as intérpretes da Central de Tradutores e Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Tils) e com a consultoria em audiodescrição do Prof. Dr. Vilson Zattera. Como audiodescritora entrei em contato com cada um dos pesquisadores que iriam se apresentar nos compartilhamentos temáticos fazendo a seguinte proposição: como você se descreveria? Junto a esse pergunta ia acompanhado um exemplo genérico. Iniciar descrevendo a cor da pele, cabelos, olhos, nariz e boca. E para minha surpresa isso foi desafiador para muitos pesquisadores, outros me pediram auxílio, pois ficaram inseguros ou não encontravam um vocabulário específico. Alguns simplesmente não se envolveram ou não entenderam a proposta. Dessa forma, esse artigo terá como objetivo geral descrever a acessibilidade do seminário e, como objetivo específico, relatar como se desenvolveu o trabalho de audiodescrição tanto nos compartilhamentos temáticos, quanto no trabalho de divulgação do seminário. Que possamos outrar, deslocar e ressignificar o lugar da acessibilidade nas artes da cena, uma potência para novos acessos e descobertas.

Musculaturas, afetos e memórias: potencial libertário do método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI)

Larissa Turtelli — Ter, 14 Set 2021 16:41:54 -0300

Este texto expõe aspectos da pesquisa no método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) no âmbito pedagógico, principalmente relacionados às experiências com este método para alunas e alunos de graduação da Unicamp. Nesta pesquisa é destacado o primeiro dos três eixos do método BPI, denominado Inventário no Corpo. Neste eixo as investigações corporais estão voltadas para as memórias físicas, as sensações, as imagens mentais, provenientes do próprio corpo na relação com um trabalho corporal com elementos simbólicos e matrizes de movimentos relacionados a manifestações populares brasileiras. A negação da cultura no corpo é um dos aspectos verificados na relação de estudantes da universidade com a cultura popular brasileira. Com o trabalho corporal, geralmente as e os estudantes vão descobrindo dados sobre suas relações com as culturas brasileiras que ficaram velados no histórico familiar. Com a aceitação desses aspectos de si ocorre uma maior disponibilidade corporal para o movimento, com maior liberdade e potência e sem tantas autocensuras.

A desmontagem cênica e o Processo BPI: dojo e as Danças do Brasil

Flávio Campos — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Com esta comunicação busco apresentar a estratégia didática que utilizo para trabalhar aspectos do método BPI nas disciplinas de Danças do Brasil ministradas nos Cursos de Dança (Bacharelado e Licenciatura) da UFSM. O meu objetivo com este trabalho é apresentar os recursos artístico-pedagógicos que me auxiliam na realização de Dojos Abertos durante as aulas. O trabalho de Dojo quando acrescido do termo “aberto” indica o compartilhamento de Processos BPI em andamento. Dojo é uma terminologia prático-teórica utilizada dentro dos Laboratórios Dirigidos do BPI - uma de suas ferramentas - etapa em que se dá a elaborações dos sentidos tanto no âmbito corporal como no que diz respeito à comunicabilidade expressiva. Em minha experiência como artista docente, aproximo e entrecruzo as experiências formativas proporcionadas pelo BPI com a noção de desmontagem cênica, tendo como referência os estudos de Ileana Diéguez. Buscarei descrever aqui como esse Dojo Aberto acontece dentro da sala de aula e, mais especificamente, como tal estratégia tem propiciado a ruptura dos julgamentos e preconcepções das/dos discentes sobre o método BPI. Neste sentido, abro o meu dojo e descrevo para vocês, passo a passo, como o fluxo dos sentidos se instaura e me auxilia na elaboração de modelagens, corpos, movimento e paisagens. Estes conteúdos são primordiais para que o processo didático proposto possa ser realizado de modo coeso e justo com a realidade de cada discente. Essa estratégia busca, por fim, reforçar que os conteúdos internos trabalhados nestas disciplinas visam um maior aterramento, ou ainda, um enraizamento do corpo e sua centração. Há uma busca objetiva pela integração dos sentidos do corpo visando a criação e/ou execução de uma dança que seja significativa, dotada de plenitude e vitalidade. Ao realizar um dojo aberto para as/os discentes, também convoco outra qualidade de relação com a sala de aula e com a própria formação em dança.

Os documentos da terra na obra de Regina José Galindo

Flaviana Benjamin — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

O trabalho toma como aporte o fazer arte a partir de alianças entre artistas e sociedades indígenas. Faz parte de um fragmento da pesquisa inicial de doutorado. Nesse contexto, submeto a obra Tierra (2013), da artista guatemalteca Regina José Galindo, para pensar a performance como ação pulsante em territórios de tensão (Latino-América).

Artes da Cena em Adaptação - Criação na Pandemia

Maria Stella Agostini Basulto — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Este ensaio é composto por depoimentos de profissionais da dança das cidades de São Paulo e Campinas sobre a adaptação de seu modo de trabalho e criações em tempos pandêmicos. Inicialmente é apresentado um projeto concebido e desenvolvido pela autora no início da pandemia para o formato virtual, em isolamento social, e algumas percepções sobre a adaptação para seguir produzindo obras cênicas neste contexto outro. Em seguida, são postas em diálogo reflexões e experiências artísticas pandêmicas dos artistas Edson Lima, Márcio Greyk e Jussara Miller e dos programadores de dança Maitê Lacerda e Marcus Moreno. São abarcados temas como a utilização da casa para o trabalho, a abrangência de diferentes públicos, as parcerias possíveis entre pessoas geograficamente distantes e a relação do espectador com as atividades virtuais.

VIXI, parece que caiu - Pesquisar, criar, ensinar arte em um mundo pandêmico

Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Com o intuito de problematizar o ensino e a pesquisa universitária na área das artes presenciais, a mesa buscou refletir sobre como lidar com a pesquisa acadêmica no contexto de pandemia em que vivemos. Assim levantamos alguns pontos: pensar em como conectar-se com essa época de instabilidade política tentado ao mesmo tempo manter a sanidade; refletir sobre qual a função da arte em meio a violações de princípios básicos de dignidade da vida humana; e buscar perscrutar quais os saberes da arte que podem lançar gotas de inteligibilidade, afetividade e sensibilidade nos caminhos das pesquisadoras e pesquisadores em meio à uma crise sanitária global e aos acontecimentos políticos e sociais que atualmente estão em curso no país e no mundo.

Estudos sobre o processo de criação cênica sob a perspectiva do diretor

Shayene de Oliveira Soares — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Nesse texto se intenciona tratar de algumas possíveis abordagens do diretor no processo criativo. O recorte está no que se refere às interferências e possíveis leituras do diretor sobre as escolhas de atuação de acordo com as necessidades da cena. Para isso, tomando por base comparativa a peça teatral “10 Minutos de Lucidez”, além de buscar divisões pedagógicas para facilitar o trabalho do diretor no processo criativo, também se trará parte da proposta de análise de Pavis em “A Análise dos Espetáculo” (2003), a fim de elucidar algumas questões a respeito do trabalho do ator, sob a perspectiva do diretor.

A oralidade no flamenco como superação de memórias traumáticas e insurgência do povo Gitano

Flavia Fernandes do Couto — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

O presente artigo visa discorrer sobre o flamenco como tradição da oralidade e a sua importância na superação de memórias traumáticas do povo gitano, um dos criadores dessa arte, bem como na visibilização de crimes cometidos e fatos históricos rechaçados da história oficial, mas registrados nas letras dos cantos flamencos. Para isso, falaremos também de dois palos: o martinete, dos primórdios do flamenco, com forte influência do cante jondo; e outro mais festivo, a bulería, fazendo uma reflexão sobre o caminho da decolonialidade e transmutação das memórias traumáticas do povo gitano através do flamenco.

Antropoceno e Ecoceno nas Artes da Cena: algumas suspeitas

Fabio de Almeida Pimenta — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Esse texto aborda um recorte das pesquisas do autor acerca da performance, da somática e da ecologia. Em linhas gerais, a obra Estudos para Macaco (na qual a pesquisa acontece) se estabelece em visitas de um Homo Sapiens contemporâneo a espaços urbanos com resquícios de natureza como pequenos bosques e praças públicas. Esses encontros buscam propiciar vivência e reflexão nas intersecções dos temas que alimentam o processo. A performance é o modo de produção artística e epistemológica. A possibilidade de uma visão de mundo mais ecocentrada é a curiosidade. Somático é o adjetivo que interessa acessar e observar no indivíduo, na realização da performance, na escrita e em todos outros desdobramentos e compartilhamentos.

Caderno de receitas ou ingredientes para escrever história(s) da(s) dança(s) no(s) Brasil(is)

Ivan Bernardelli — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

A partir da metáfora de uma receita culinária, o artigo elabora uma discussão sobre quais seriam “ingredientes” essenciais para escrever história(s) da(s) dança(s) no Brasil, relacionando algumas considerações importantes para esta reflexão. Nos “modos de preparo”, elenca três formatos criativos que tratam da história das danças no Brasil e em “sugestão de consumo” perfaz uma conclusão sobre os pontos destacados. Esta receita serve quantas pessoas for possível.

Pistas para perceber acontecimentos

Marcus Vinícius Moreno e Nascimento — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

Na contemporaneidade, a intensa velocidade de produção e consumo na qual se vive parece promover uma sensação ilusória de que há sempre algo por ser inaugurado, que acaba por colocar o sujeito em um estado paradoxal de liberdade, no qual ao mesmo tempo em que parece soberano se torna submisso à sua autorreferência. Este texto busca contribuir para discussões que permeiam nossos modos de existência, percepção e compreensão do tempo presente, tendo como ponto de partida o corpo na dança e as artes performativas. A proposta está em visitar o conceito de imagem, pela perspectiva do neurocientista Antonio Damásio e algumas considerações sobre a noção de vazio, do ponto de vista do filósofo Byung-Chul Han, na busca por criar espaços de alteridade e ressonâncias coletivas.

A violência como eixo nas dramaturgias colombianas contemporâneas: Fabio Rubiano e Ana Maria Vallejo

Yenny Paola Agudelo — Ter, 14 Set 2021 16:41:55 -0300

O presente artigo tem como objetivo apresentar duas dramaturgias contemporâneas do teatro colombiano: Labio de Liebre, de Fabio Rubiano, e Pasajeras, de Ana María Vallejo. Essas dramaturgias desenvolvem, a partir de diferentes perspectivas, a temática da violência na Colômbia. Desse modo, se utilizam de ferramentas e dispositivos dramatúrgicos singulares para, nessa perspectiva, apresentar uma temática que historicamente tem influenciado profundamente a criação dos artistas colombianos e, neste caso específico, a criação dos dramaturgos e dramaturgas. Assim, é feita a exposição de ideias que permitam criar aproximações à dramaturgia colombiana, a partir da leitura do contexto em que as obras foram criadas e a influência direta desse contexto na obra de Vallejo e Rubiano. Alguns dos tópicos e fragmentos apresentados neste documento são produtos das pesquisas realizadas durante o processo de mestrado e atualmente desenvolvidas no doutorado em Artes da Cena da Unicamp.

Prática como pesquisa e outras formas de comunicação fora da caixa preta

Igor Gasparini — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

O objetivo deste artigo advém do interesse em refletir sobre o corpo e os processos de mediação com o espectador, considerando a prática como pesquisa e outras formas de comunicação fora da caixa preta. Como artista da dança, diretor do T.F.Style Cia de Dança, este estudo surge a partir das experiências artísticas desenvolvidas pelo núcleo desde 2002 e que, nos últimos anos, desdobrou-se no aprofundamento da pesquisa corpo-cidade e de outras possibilidades de mediação obra-público. Assim, o recorte proposto para este artigo concentra-se em obras de dança fora da caixa preta, considerando os pressupostos da Prática como Pesquisa – Practice as Research (NELSON, R.). Uma das hipóteses considera a possibilidade de que trabalhos que estejam fora da caixa preta, numa Zona Cinzenta, oferecem ao espectador a ferramenta de escolha e interação com a obra, assemelhada ao cubo branco, mas ainda com característica de obra cênica de dança. Em obras caracterizadas como instalação coreográfica, por exemplo, a aproximação é corpo a corpo entre artistas e público, diferentemente do distanciamento característico que ocorre em obras em palco italiano. Este agrupamento de ações produz situações que precisam mais visibilidade para serem discutidas com propriedade e a intenção aqui é a de olhar com mais atenção para produções que vão além da caixa preta. Assim, qual seria o papel do espectador que entra em contato com obras nesta zona cinzenta? De que forma a apreciação estética se dá? Em um ambiente lido nesta perspectiva, o espectador mantém-se singular, atravessado, porém, pelas percepções compartilhadas que o formam, e alerta para o fato de que a sua leitura da obra deixa de ser apenas “sua”, não se caracterizando como algo individual no sentido de uma propriedade privada, aquela estimulada pelo consumo no capitalismo, além de entender que ele também faz parte da obra.

Pela pele, meu coração; um testemunho

Eloisa Marques Rosa — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

Esse texto é um devir tese. É o início, é o erro, são as cinzas. É o universo simbólico da pele como testemunho do estado de quarentena imposto pela SARS-CoV-2. É um processo que gera sua própria metodologia. Mas, acima de tudo, é um experimento sobre a Eutonia, uma investigação da escrita performativa e dos movimentos que derivam da aplicação de seu conceito de tato consciente em meio a um período de tamanho isolamento.

A presença da ausência no teatro de Luz&Sombra - procedimentos e reflexões

Luzia Ainhoren Meimes — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

O presente artigo trata do tema da ausência nas artes da presença partindo da provocação oferecida pelo tema da mesa intitulada “Modos de Percepção e Processos de criação”- durante o VIII Seminário Interno de Pesquisa Mário Santana do PPG Artes da Cena - em relação à criação artística proposta na pesquisa de mestrado em andamento “À luz de Eisenstein: a montagem no teatro de Luz&Sombra”. A mesa foi composta por alguns professores e alunos e buscou oferecer diversos pontos de vista - partindo de olhares também diversos e de suas respectivas abordagens no que diz respeito ao ensino, à pesquisa e à criação nas Artes da Cena. Apresenta o processo de criação desenvolvido na pesquisa, percorre as vias metodológicas e aprofunda a reflexão acerca dos procedimentos escolhidos para compor a criação artística que tem como elemento fundador o teatro de Luz&Sombra. Reflete também sobre este conceito desenvolvido pela autora e seus colegas de pesquisa, em um cenário onde a busca é por uma ausência (sombra) que busca presentificar imagens e trazer à tona questões profundas (luz) - em um universo ficcional guiado pelo mito de Cora: mito da criação do traço. Levanta algumas questões como por exemplo: quais analogias ou ponto de contato são possíveis mapear entre esse tema da ausência como procedimento de criação e o momento pandêmico que vivemos hoje? É possível a ausência ser elemento chave para, por contraste, elevar a presença: elemento fundante das artes da cena (artes da presença)? Busca transitar principalmente pelos temas apresentados acima, sem deixar de manter os espaços de respiro. A incerteza do momento também se mostra um guia, e abre-nos novas perspectivas nunca antes vislumbradas. Por fim, o presente artigo procura recorrer a intrínseca dualidade da luz e da sombra, sua interdependência e dialética constante para traçar linhas por onde se possa refletir a respeito de modos de percepção que se modificam no compasso da história presente.

A individualidade diante da coletividade: colocações sobre o processo de criação e formação dentro do método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI)

Jaqueline Soraia Rossi — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

O presente artigo tece reflexões sobre algumas das relações entre o individual e o coletivo no processo de formação e criação em dança Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) tendo como ponto de partida a experiência de pesquisa e criação artística vivida neste método pela primeira autora e as investigações do seu projeto de mestrado Aspectos sociais das personagens desenvolvidas no método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI): um estudo a partir da personagem Denória, orientado pela segunda autora. O texto aborda temas como o autoconhecimento propiciado pelo método BPI, as pesquisas de campo e a estruturação da personagem neste método. Estas reflexões tiveram como mote disparador a mesa: Experiências pedagógicas no método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI): revirando o corpo que ocorreu dentro do VIII Seminário Interno de Pesquisa do PPG Artes da Cena Mário Santana, 2020, a qual enfocou o eixo Inventário no Corpo do referido método.

Voz e Pertencimento: Uma Evocação Quilombola

Juliana do Espírito Santo da SIlva — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

Este ensaio vem a pensar sobre a construção de pertencimento individual e coletivo a partir do corpo-memória de uma atriz negra em seu ofício de criação, sendo seu processo disparador para refletir sobre o contexto cultural, social e político afro-diaspórico que envolve seu trabalho. Evoca-se para tecer o diálogo da narrativa, a profunda simbologia acerca do conceito de Quilombo, pesquisado pela historiadora Beatriz Nascimento, refletindo sobre o seu ofício com a escuta de experiências partilhadas de outras mulheres negras, intelectuais, e artistas, problematizado nas experiências que se propõem ao coletivo, em permanentes trocas e aprendizados.

Convers.ações de vozes teóricas: autoentrevista como exercício autoficcional

Ronaldo Záphas — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

No embate entre realidade e ficção presente no teatro contemporâneo, reflexo da produção de novos modos de fazer teatral, o autoficcional se apresenta como uma possibilidade de criação cênica, objeto desta pesquisa. Diante disso, a proposta foi criar uma autoentrevista como exercício autoficcional, mesclando ideia do autor e suas referências, a fim de inventar outras formas de compartilhamento do estado da pesquisa.

Puxando fios de memória: o método BPI com pessoas na terceira idade

Yasmin Berzin Capozzoli, Larissa Sato Turtelli — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

Este texto parte da pesquisa de mestrado “Mãos que abrem caminhos do corpo: uma vivência do método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) com pessoas na terceira idade”, orientada pela Profª Drª Larissa Turtelli, que teve como uma das ações ministrar aulas de dança para pessoas na terceira idade dentro do método BPI. Durante o ano de 2018, foram ministradas aulas de dança para três turmas de pessoas a partir de 50 anos no “Programa UniversIDADE: Um programa para a longevidade”, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp. Este artigo tem como objetivo expor algumas das vivências da primeira autora, orientada pela segunda autora, ao ministrar aulas para pessoas na terceira idade e as especificidades de se realizar um trabalho de criação em dança com pessoas nesta faixa etária. Destaca-se como foi realizado o trabalho com as memórias através do método BPI, bem como o uso das imagens simbólicas deste método, que estão imersas em uma memória afetiva ancestral, ligadas às culturas populares brasileiras.

As Afasias na Criação e Formação Artística Contemporâneas: Apresentação da Performance “O Encenador”

Juliana Pablos Calligaris — Ter, 14 Set 2021 16:41:56 -0300

Esta pesquisa de doutorado investiga a criação artística na cena contemporânea, a partir de processos performativos do Programa de Expressão Teatral com pessoas atuadoras afásicas desenvolvido no Centro de Convivência de Afásicos, do Instituto de Estudos de Linguagem da UNICAMP. Este artigo expõe uma parte da pesquisa sobre significação verbal e não verbal através da prática teatral performativa, baseada no estudo da relação entre linguagem, corpo e cognição observada na performance “O Encenador”. Investiga a coocorrência multimodal de semioses (fala, gesto, olhar, etc.), através da interação de diferentes, ainda que compartilhados, processos semióticos ativos na construção de significados, para analisar o papel da atividade teatral na (re)organização de possibilidades comunicativas e expressivas de pessoas afásicas, no mundo e com seus pares.

A produção cultural do Brasil oitocentista e a atuação de mulheres no teatro popular

Lílian Rúbia da Costa Rocha Rocha — Ter, 14 Set 2021 16:41:57 -0300

Este ensaio busca refletir sobre o teatro popular no final do século XIX, a partir da perspectiva da produção teatral e de seu impacto na vida cultural do período. Destacaremos a atuação de algumas mulheres que ocuparam os palcos nesse momento e despontaram pelo seu protagonismo, quebrando vários paradigmas. Para tanto, utilizaremos autores que discutem sobre arte a partir do ponto vista da política. Apresentarei algumas artistas que estiveram presentes nos palcos brasileiros. Desde já, ressalto não ser possível realizar tal debate sem levar em consideração os diferentes aspectos que atravessam a questão, como gênero, classe e etnia. Apesar da escassez de trabalhos que documentam a atuação de artistas negras no teatro popular, temos o registro da atuação da Ascendina Santos, atriz negra que fez sucesso no Teatro de Revista. Também temos outras mulheres que compuseram este cenário, como Cinira Polonio e Chiquinha Gonzaga. Essas duas grandes artistas se notabilizaram pela transgressão à moral e aos bons costumes. Com trajetórias semelhantes, elas atuaram no Teatro de Revista por longo tempo. Este artigo busca compreender a atuação e formação de artistas que transgrediram os papéis atribuídos a elas em um momento de fortes tensões e imposições às mulheres.

Processo de formação no Método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI)

Mariana Dias Jorge, Graziela Rodrigues — Ter, 14 Set 2021 16:41:57 -0300

O presente ensaio traz um olhar pedagógico sobre o processo de formação proposto pelo Método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI). Com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o processo do BPI, o texto enfatiza aspectos que afirmam a formação pessoal das e dos artistas que o vivenciam. Tratando-se de um método de criação e formação em dança que investe na pesquisa da identidade corporal de cada pessoa, a essência do processo está na possibilidade dos(as) artistas se inventariarem e se reconhecerem a partir de suas memórias encarnadas. O corpo em movimento dá voz às histórias silenciadas que, ao serem pronunciadas, impulsionam o processo de assunção da pessoa em formação. O foco na assunção pessoal, proposto pelo método como condição de expansão e potencialização da corporalidade de cada artista, é aqui tratado em diálogo com duas vozes relevantes da pedagogia libertária: Paulo Freire e bell hooks. Na construção deste diálogo, destaca-se o processo de assunção do(a) professor(a) como condição para uma proposta de formação libertária. A liberdade é entendida como uma conquista pessoal resultante da percepção sensível e consciente de si e suas múltiplas relações com o outro.

Voz, Identidade e Acessibilidade: repensando caminhos de acesso e democratização do audiovisual através da dublagem

Raíssa Oliveira de Lima — Ter, 14 Set 2021 16:41:57 -0300

Este artigo pretende iniciar discussões sobre acessibilidade no audiovisual brasileiro através da dublagem, relacionando a voz com questões de identidade e imaginário. O ponto de partida para o desenvolvimento desse material foi o “VIII Seminário Interno de Pesquisas ‘Mario Santana’”. Os temas levantados neste texto esbarram em particularidades do fazer de atores dubladores, e diante do atual cenário pandêmico e do movimento crescente dos streamings, é necessário questionar como a dublagem traz acessibilidade, como esse processo (de dublagem) ocorre juntamente com a audiodescrição, e se essas duas possibilidades de acessibilidade estão disponíveis tanto quanto são necessárias.

Galope de Shakespeare: a canção popular brasileira e a apropriação não canônica do cânone

Pedro Moraes Sa Carvalho — Ter, 14 Set 2021 16:41:57 -0300

Este artigo visa levar adiante uma reflexão a respeito da motivação pela escolha e forma de abordagem a uma obra canônica, o Julius Caesar de Shakespeare, como base para o espetáculo A Paixão de Brutus, um solo escrito e atuado pelo autor do artigo e dirigido por Norberto Presta entre 2017 e 2018. Após uma breve revisão de problemas teóricos e históricos que tocam o conceito de cânone, examinaremos o significado de uma leitura não canônica da obra Shakespeareana, e da pertinência do conceito de Antropofagia Cutural, como elaborado por Oswald de Andrade para realizar esta leitura, estabelecendo um diálogo entre o texto e as questões de nosso tempo e sociedade. O crítico literário Antônio Cândido sugere que a característica da sociedade é revelada numa obra quando esta capta o ritmo, ou ritmos, da sociedade que retrata. Em A Paixão de Brutus, que foi o momento inaugural da pesquisa do Teatro-Canção, foco da pesquisa de doutoramento do autor deste artigo, lançamos mão de ritmos brasileiros para nortear nosso diálogo antropofágico comas questões que nos sugere Shakespeare.

Toda dança faz parte da história da dança? A predominância das danças ocidentais hegemônicas nos espaços cênicos

Julia Baker, Josie BEREZIN — Ter, 14 Set 2021 16:41:57 -0300

Observa-se, no contexto cultural da dança, o discurso dominante da historiografia tradicional ocidental. Isto é, pensando nas escritas da história e nas suas formas de contar e elaborar o passado, percebe-se que elas quase sempre compreendem as danças clássicas originadas na corte francesa, e as danças modernas/contemporâneas da tradição norte-americana e europeia (todas elas, danças cênicas) como danças mais valorizadas. Neste discurso dominante, parece haver uma linha do tempo evolutiva, em que as danças populares e não-europeias estão numa posição anterior às danças cênicas ocidentais. Na prática, danças não-europeias como as danças sociais, urbanas, afro-brasileiras, ou mesmo as chamadas “danças étnicas” têm relevância menor e estão à margem desta cultura dominante: sofrem discriminação em muitos processos seletivos de mostras e festivais ainda hoje, e não gozam dos mesmos prestígios e status das danças acadêmicas, as quais se assiste com frequência em grandes festivais de dança, e até mesmo se observa/ pratica nos centros de ensino e cursos universitários. Dessa forma, as danças não pertencentes à cultura da civilização ocidental dominante são menos reconhecidas dentro do campo formal das artes cênicas (festivais, palco, concursos, seminários, para nomear alguns desses espaços) e são vistas como à parte da dança dita universal, por uma questão de má compreensão dos valores de sistemas culturais diferentes. É preciso não naturalizar esse fato e reconhecer que isso se trata de uma herança do pensamento colonial. Partindo dos pontos levantados aqui: como a história da dança cria narrativas a partir de valores do Norte hegemônico e dominante? O artigo em questão apresenta espaços nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro nos quais podemos comprovar o domínio da narrativa hegemônica da dança, e analisa momentos em que o mesmo espaço cênico foi ocupado por danças acadêmicas e também outras danças, com maior enfoque nas danças sociais. O artigo aponta, assim, para os problemas e levanta questionamentos sobre a circulação da dança nos palcos.