A Educação Musical como Lugar de Forjar Memórias e Esquecimentos

  • Adriana Gomes Ribeiro
  • Pedro de Albuqueque Araújo

Resumo

Os discursos constituintes de projetos de educação musical podem estar impregnados de propostas de repertório e práticas musicais considerados ideais. Essas propostas pretendem forjar memórias e comportamentos. Esse foi o caso do programa de ação da Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA), a cargo de Villa-Lobos a partir de 1932, que previa uma seleção musical a serviço de um sentimento de brasilidade. Aqui, uma memória é erigida como ideal e se propõe o esquecimento de outras referências que não coincidiriam com as subjetividades almejadas. Em agosto de 2011, por determinação da lei 11.769, publicada em 2008, a educação musical tornou-se obrigatória para as escolas do ensino básico brasileiro. Trabalhando como contraponto projetos e discursos que determinam uma memória a ser impressa, este artigo pretende especular sobre a possibilidade de uma educação musical que atue em função do esquecimento – não entendido como recusa de uma memória, mas como a possibilidade de uma produção entre-memórias, viva e pulsante. Para pensar esse contraponto conceitos como “descodi cação” e “devir” (Deleuze e Guattari), propostas como a de “limpeza de ouvidos” (Schafer) e métodos como o pré- gurativo (Koellreuter) são convocados. Aqui se trata de pensar como memórias podem ser articuladas nos espaços educativos; pensar blocos de esquecimento e as multiplicidades de devires de alunos e professores, sendo esse o material que será trabalhado em sala de aula. 

Publicado
2016-10-22
Edição
Seção
Artigos