Decifra-me ou te devoro?: uma reflexão teórica sobre o exercício da crítica de dança (de agora) (contemporânea)

  • Joubert de Albuquerque Arrais Universidade Federal da Bahia

Resumo

O ato de escrever uma crítica de dança implica reconhecer o caráter específico da dança como uma arte do corpo pelo corpo. Refletir criticamente acerca do seu papel é, nesse sentido, tratar a crítica “de agora” “contemporânea”  [1]  como  fator co-responsável pelo processo  evolutivo da produção de  conhecimento de dança. Uma  vez  tratada  assim,  a  crítica  passa  a  ter,  potencialmente,  um  aparato  teórico  que  abarque  suas diversas  formas de  existência,  tanto  cênica  como não-cênica.  "O que  se  almeja  para  a  crítica  é que  ela  se reinvente  como  um  canal  de  disseminação  pública  da  arte  e  de  suas questões mais  urgentes".  (OSÓRIO: 2005, 16). De encontro a isso, têm-se os modelos poéticos padronizantes meramente descritivos (resenha) e impressionistas  (personalismo), observáveis  em boa parte dos cadernos de  cultura do  jornalismo  impresso, ainda o meio mais comum de difusão da crítica. “Ao término da leitura nada sabemos sobre o autor e a obra, mas sabemos muitíssimo sobre as preferências e os gostos do resenhista”. (CHAUÍ: 2006, 07).

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Tradução: Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

BRANDÃO, Antônio Leite Brandão. “O corpo no Renascimento”. In: O Homem-máquina: a ciência manipula o corpo. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2004.

BRITTO, Fabiana Dultra. Mecanismos de comunicação entre corpo e dança: parâmetros para uma história contemporânea. 2002. 155 f. il. Tese (doutorado) – PUC/SP: São Paulo, 2002. (prelo)

BRITTO, Fabiana Dultra. A crítica de dança no Brasil: funções e disfunções. 1993. 154 p. Dissertação (mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993.

CHAUÍ, Marilena. Simulacro e Poder – Uma análise da mídia. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.

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OSÓRIO, Luiz Camillo. Razões da Crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

Publicado
2018-04-27