Antropologia-Dança: Uma Discussão Epistemológica
Resumo
Este artigo busca estabelecer um estudo em torno das relações estabelecidas entre antropologia e dança. Parto da questão “que tipos de relações a antropologia estabeleceu ao longo dos tempos com a dança” para pensar novas possibilidades de interação entre estas disciplinas. Para tanto, busco traçar um panorama histórico sobre a dança como objeto antropológico e propor uma nova perspectiva de se pensar a dança no ambiente das ciências sociais. A esta nova perspectiva, eu denomino de antropologia-dança. A antropologia-dança representa uma maneira misturada de compor formas (de pensar e mover) que derivem tanto de concepções da dança como área de conhecimento autônomo quanto da antropologia. A ideia é de que o corpo na pesquisa se encontre, simultaneamente, no texto e fora do texto. Afinal, a pesquisa etnográfica torna-se dispositivo para a composição coreográfica. Assim, se enquanto antropólogo busco analisar danças e compor etnografias, enquanto dançador busco analisar os materiais antropológicos e compor coreografias. Esta proposta teórica, acerca da ideia da antropologia-dança, foi amplamente desenvolvida em minha tese de doutorado intitulada Dançando com Gonçalo: uma Abordagem de Antropologia-Dança. E, por isso, me utilizo do arcabouço teórico explorado nesta pesquisa, das anotações e observações sobre as danças produzidas em meu campo de pesquisa e também do experimento coreográfico desenvolvido a partir das minhas etnografias para fazer um convite: Vamos conversar sobre Antropologia-Dança?
Referências
BASTIDE, Roger. Arte e Sociedade. São Paulo: EDUSP, 1971.
BATESON & MEAD. Balinese Character: a Photographic analisys. New York: New York Academy of Sciences, 1942.
BENEDICT, Ruth. The Patterns of Culture. New York: Mariner Books, 2005.
BOAS, Franz. Primitive Art. New York: Dover Publications, 2010.
CLIFFORD, James. A Experiência Etnográfica: Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. A Dança. In.: Ritual e Performance: 4 Estudos Clássicos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2014.
FIRTH, Raymond. We the Tikopia. Londres: Allen & Unwin, 1936.
______. Tikopia Ritual and Belief. Londres: Allen & Unwin, 1967.
FRAZER, James. O Ramo de Ouro. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1982.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora [LTC], 1989.
GRIAULE, Marcel. Jeux Dogons. Paris: Institut d’Ethnologie, Musée de l’Homme, 1938.
HANNA, Judith Lynne. To Dance is Human: A Theory of Nonverbal Communication. Chicago: University of Chicago Press, 1987.
KAEPPLER, Adriene L. Dance Ethnology and the Anthropology of Dance. In.: Dance Research Journal, Vol. 32, n. 1. (Summer 2000), p. 116-125, 2000.
_________. Dance in Anthropological Perspective. In.: Annual Review of Anthropology, 7, p. 31-49, 1978.
KURATH, Gertrude Prokosch. Panorama of Dance Ethnology. In.: Current Anthropology. Vol. 1, n. 3. (May, 1960), p. 233-254, 1960.
LE BRETTON, David. A Sociologia do Corpo. Petrópolis: Vozes, 2006.
LEIRIS, Michel. La Possession et ses aspects théâtraux chez les Éthiopiens de Gondar. Paris: Plon, 1958.
MALINOWSKI, Bronislaw. The Sexual Lives of Sauvages in North Western Melanesia. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1929.
MEAD, Margaret. Coming of Age in Samoa. New York: Morrow, 1928.
OLIVEIRA, Victor Hugo Neves de. Dançando com Gonçalo: Uma Abordagem de Antropologia-Dança. Rio de Janeiro, 2016. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2016.
ROYCE, Anya Peterson. The Anthropology of Dance. Dance Books, 2002.
_______. Conclusions. In.: Anthropologie de la Danse: Genèse et Construction d’une Discipline. Pantin: Centre National de la Danse, 2005, p. 35-41.
STRATHERN, Marilyn. Fora de Contexto: As Ficções Persuasivas da Antropologia. São Paulo: Terceiro Nome, 2013.
VERGER, Pierre. Dieux d’Afrique: culte des Orishas et Voudouns à l’ancienne côte des Esclaves en Afrique et à Bahia, la baie de Tous les Saints au Brésil. Paris: Editions Revue Noire, [1954] 1995.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O Nativo Relativo. In.: Mana, 8(1): p. 113-148, 2002.
WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. São Paulo: CosacNaify, 2012.