Ariano Suassuna, joculator dei: a Farsa da Boa Preguiça e o exercício renovador da tradição teatral

  • Ricardo Bigi de Aquino Universidade Federal de Pernambuco

Resumo

No início eram os poetas, os cantadores que encantavam o povo com o poder mágico das palavras, celebrando as aventuras e glórias de deuses e heróis. Da pré-história aos dias de hoje, atravessando o terreno nebuloso que opera a transição da religião à arte, grande tem sido a contribuição  social  daqueles que tentaram saciar a sede de fruição do belo desde sempre experimentada pelo homem. Apoiado em milênios de prática  a  partir dos seus mais remotos ancestrais, ao lado do pintor, do escultor, do músico, o poeta continua a exercer a sua arte, alimentando-se do material que o mundo lhe oferece, afirmando a sua visão da vida e dos homens. Ariano Suassuna, poeta maior, completa seus oitenta anos de vida em plena atividade, regalando o povo brasileiro com a sua  obra,  a  um  tempo profundamente  entranhada na cultura popular e alçada ao mais alto nível da prática erudita. Neste trabalho, propomo-nos a ler A Farsa da Boa Preguiça (1961) como exemplo deste duplo registro estético, no qual elementos populares e eruditos se somam como exercício contemporâneo das mais antigas tradições teatrais.

Referências

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Publicado
2018-04-27