Dizer e ouvir

  • Mirna Spritzer Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

Dizer  é  reinventar  o  real.  E  ainda,  falar  é  afirmar  a  palavra  como  acontecimento  criativo.  Como lembra Larrosa  (2003, p.167), “quando  fazemos coisas com as palavras, do que se trata é de como damos sentido ao que  somos e ao que nos  acontece, de como colocamos juntas  as palavras e as coisas, de como nomeamos o que vemos ou o que sentimos, e de como vemos ou sentimos o que nomeamos”.
A experiência da oralidade é uma vivência corporal e sensível para aquele que diz e para aquele que ouve. Conversar, contar histórias ou  ler em voz alta para os outros, constituem um dizer, que para Bajard (1994), é a manifestação oral das palavras escritas ou não, mesmo mantendo as fronteiras do contar, ler em voz alta ou a fala teatral, por exemplo. Dizer inclui o gesto, a melodia das palavras, o olhar envolvente. Há um dizer no corpo. Um corpo palavra, portanto um corpo também no ouvir.

Referências

BAJARD, Elie. Ler e dizer. São Paulo: Cortez, 1994.

BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. (1982)

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas - Magia e Técnica, Arte e Política. Vol 1. São Paulo: Brasiliense, 1994.

LAROSSA, Jorge. Entre las lenguas. Lenguaje y educación después de Babel. Barcelona: Laertes, 2003.

MATURANA, Humberto. Transdisciplinaridade e Cognição. In: BASARAB, Nicolescu et al Educação e Transdisciplinaridade. Brasília: Edições UNESCO, 2000.

ZUMTHOR, Paul. A letra e a voz. São Paulo: Cia. da Letras, 1993.

Publicado
2018-04-27