O travestimento como linguagem cênica em Shakespeare

  • Anna Stegh Camati Centro Universitário Campos de Andrade

Resumo

Shakespeare, muito antes de Freud, foi um dos mais perspicazes observadores do subtexto da vida, deixando-nos entrever as motivações veladas das personagens. Revelou as chaves ocultas do nosso comportamento, o hiato que existe entre comportamento explícito e motivação mascarada. Conseqüentemente, inúmeras possibilidades emergem das dimensões ocultas de seu discurso, que permitem problematizar e contestar leituras críticas tradicionais. Em Shakespeare, o recurso teatral do travestimento vai muito além da convenção dramática, passando a ser uma espécie de subtexto para questionar a noção de subjetividade/ identidade. Através  desse  recurso, o bardo discute as contradições e lacunas do discurso patriarcal e questiona as ortodoxias de sua cultura.

Referências

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. vol. 1: Fatos e mitos. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Nova Fronteira, 1987.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 2003.

MOI, Toril. What is a woman and other essays. Oxford: Oxford University Press, 1999.

SHAKESPEARE, William. A Comédia dos Erros / O Mercador de Veneza. Trad. Bárbara Heliodora. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

WAYNE, Valerie (ed.). The Matter of Difference: Materialist Feminist Criticism of Shakespeare. New York: Cornell University Press, 1991.

Publicado
2018-04-27