O ritual da travestilidade e o imaginário do ‘feminino’ no Maracatu Rural

  • Monique Luca Maritan UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

O presente trabalho busca através da análise do Maracatu Rural Coração Nazareno (grupo composto exclusivamente por mulheres), de Nazaré da Mata – PE, compreender como os elementos ritualísticos e imagéticos que compõem a expressão artística popular do brinquedo, falam a respeito da apreensão do ‘feminino’.

Os aspectos simbólicos do Maracatu Rural trazem uma grande carga de elementos cênicos nessa livre expressão popular, que lança mão, além de recursos teatrais básicos (personagens/ figuras, figurinos, máscaras, música e dança, entre outros), dos elementos conceituais que abarcam a ideia de performance, configurando assim uma expressão tradicional popular, carnavalesca e ritualística, que utiliza-se de um corpo cênico no momento do encontro com o público.

Com foco na Catita e nas baianas – as duas figuras femininas do maracatu - tradicionalmente vestidas por homens, pretende-se identificar como esse momento ritualístico da travestilidade em que homens (ou mulheres, no caso do Coração Nazareno) vestem essas figuras, reflete na apreensão dos brincantes e da comunidade acerca da construção de um imaginário que, através de determinados símbolos, esboçam ou mesmo definem o que é ‘feminino’.

Biografia do Autor

Monique Luca Maritan, UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Atriz, performer, professora e pesquisadora nas áreas de História e Artes Cênicas. Discente do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Graduada em História- Bacharelado e Licenciatura plena pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), ministrando aulas de História e Sociologia para o ensino regular pelo Estado de São Paulo, Formou-se atriz pela Escola Livre de Teatro. Integrou o Grupo Cangoma (pesquisa de músicas e danças brasileiras) atuando dançarina, musicista e percursionista. É integrante do Coletivo Maracastelo e do coletivo de pesquisa teatral Poleiro do Bando, atuando como instrumentista, dançarina,  atriz, assistente de direção, produtora e iluminadora.

Referências

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Publicado
2018-03-19