DA HISTÓRIA ORAL À DRAMATURGIA: MEMÓRIAS DE MULHERES HAITIANAS NO RIO GRANDE DO SUL

  • Carina Zatti Corá Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Resumo

O trabalho investiga a criação dramatúrgica a partir da memória de mulheres haitianas no Rio Grande do Sul. A escolha por fragmentos dramatúrgicos dá-se pelo caráter inicial da pesquisa de mestrado, sendo uma maneira de experimentar diferentes transcriações da História Oral como fonte para a escrita dramática. A fragmentação também permite uma aproximação com a maneira caótica que se constrói a memória. Segundo Jacques Le Goff (1990), a História Oral busca a História dos Pequenos, daqueles que estão à margem. Assim, ao realizar entrevistas com mulheres haitianas que migraram para Caxias do Sul, traz-se a voz dessas mulheres para a documentação histórica e artística, preservando seus costumes e imaginário com o objetivo de transformá-los em dramaturgia. Como coloca Richard Cándida Smith (2012) a análise de História Oral não depende somente do conteúdo das entrevistas, mas das várias formas de expressão dos sujeitos, da sua performance física e vocal. Busca-se, desta forma, como inspiração para a criação de fragmentos textuais e personagens, uma maneira de manter sua oralidade. A investigação analisa a História Oral e utiliza elementos de imagens potentes e expressões vocais e corporais dos sujeitos entrevistados como matriz para dramaturgia. Essa matriz será transcriada através de três procedimentos criados pela pesquisadora/dramaturga: brainstorm de ideias, bricolagem de histórias e jogo de memória, nos quais refletem outros pilares matriciais da dramaturgia como a coralidade, fragmentação, epicização, entre outros.

Referências

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Publicado
2018-05-18
Seção
Dramaturgia, Tradição e Contemporaneidade