QUAL O LUGAR RESERVADO ÀS ARTES NA BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM? REFLEXÕES SOBRE A BASE NACIONAL CURRICULAR COMUM, ARTES E CURRÍCULO

  • Flávia Teodoro Alves Universidade Estadual Paulista

Resumo

Este ensaio apresenta uma reflexão acerca da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento em fase de elaboração pelo Ministério da Educação (MEC) destinado a ser um balizador da educação básica brasileira. O enfoque da discussão é: qual o lugar ocupado pela Arte e pelo corpo (enquanto elemento expressivo e de aprendizagem) nas discussões da BNCC? Qual a concepção de arte, de corpo e de currículo que permeiam esta proposta? Recorremos a Geraldi (1994), Apple (2011) e Lopes (2008) para analisar o paradigma técnico-linear de currículo que permeia esta proposta. Consideramos que o modelo analisado não produz transformações, visto que não questiona a sociedade que em parte engendra, ao mesmo tempo em que retira autonomia e poder de decisão das mãos de quem efetivamente conduz o processo educativo. Partindo dos conceitos de "currículo em ação" de Geraldi (1994) e de "professor-militante" de Gallo (2002), propomos o constructo "corpoarte", elaborado por Antunes (2010), como estratégia de resistência (cri)ativa e feliz ao modelo atual. Enquanto prática educativa transdisciplinar, centrada no corpo - ao pressupor a religação das dimensões racional, sensível e estética do conhecimento - acreditamos que o "corpoarte" pode transcender a luta por mudanças significativas no contexto da educação formal.

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Publicado
2018-06-13
Seção
Pedagogia das Artes Cênicas