SERPA, TAMIRES VASCONCELOS. TODO CORPO PODE DANÇAR? PADRÕES CORPORAIS DO BALÉ CLÁSSICO QUE SE ESTENDEM À DANÇA CONTEMPORÂNEA

  • Tamires Vasconcelos Serpa Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

Nesta pesquisa buscamos investigar a possibilidade de dar caminhos para que todo corpo possa dançar, independente de seu biotipo. Sendo o Brasil um país de miscigenação, a exigência cada vez maior de corpos de perfil mais europeizados torna-se preocupante não somente pela restrição no mercado, como também pela afetação destes corpos no que diz respeito à saúde, principalmente das bailarinas. Durante a pesquisa encontramos uma maioria dispostas a se prejudicar para chegar ao “físico perfeito”. Desde práticas laboratoriais e aulas com temáticas, para que cada intérprete-criadora aprofunde e amplie o conhecimento de seu corpo, a laboratórios fotográficos, a fim de acordar os corpos para sua potência cênica e beleza, independente de suas formas, bem como experimentações e análises para a preparação corporal, o Trabalho de Conclusão de Curso propõe a reflexão de que a intolerância nociva é a recusa que cada um tem ou já teve com relação ao seu corpo. Para chegar a este ponto, o estudo passa pelo senso comum de que o corpo magro é, visto pela sociedade, como padrão de beleza ideal, principalmente tratando-se do corpo feminino. Sendo assim, antes de falar da mulher que dança, passamos por mulheres que praticam outras atividades físicas ou nenhuma, fazendo a associação de fora para dentro do universo dançante. Considerando que a idealização de corpo na dança pode ter iniciado em determinado momento da história do balé clássico, e que hoje se estende à dança contemporânea, que é o lugar em que “todo corpo pode dançar”, pretendemos colocar esta contradição em debate, a partir do trabalho com intérpretes que buscam evoluir técnica e artisticamente sem praticar apenas o balé clássico. Sendo esta uma pesquisa de conclusão de curso, o objetivo é poder encaminhar este processo para concluir que é possível dar caminhos para todo corpo dançar, que sim, “todo corpo pode dançar”.

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Publicado
2018-06-14
Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas