NIETZSCHE, ARTAUD E A PERFORMANCE: PROVOCAÇÕES EM DIREÇÃO A UMA FENOMENOLOGIA DA PERFORMANCE

  • Luciana da Costa Dias Universidade Federal de Ouro Preto

Resumo

Nietzsche, Artaud e a Performance: provocações em direção a uma Fenomenologia da Performance. RESUMO Em nossa pesquisa, dialogamos Nietzsche e Artaud em perspectiva fenomenológica, método que nos permite o distanciamento da posição artificial que, em geral, separa sujeito e objeto em pesquisa. Em um contexto de crítica à racionalidade ocidental e seus dualismos, que tradicionalmente opõe sujeito e objeto, sujeito e mundo, teoria e prática, a pesquisa em artes se enriquece com a perspectiva fenomenológica e sua compreensão de que o corpóreo não é somente uma realidade externa observável e mensurável: é experiência primordial da própria existência. Essa perspectiva traz diversas provocações a medida em que expande as fronteiras tradicionalmente demarcadas como território artístico e pesquisa científica, subvertendo-as e subvertendo a compreensão da arte como objeto ou obra acabada, em direção a uma perspectiva de arte como acontecimento, performance. Primeira provocação: pode o pensamento de Nietzsche conduzir através da aporia do corpo como acontecer-arte, na superação do niilismo e das fronteiras desgastadas da modernidade? Segunda provocação: pode a obra de Artaud, em seu caráter paradigmático, ajudar a alcançar uma pura presença cênica, na medida em que rejeita a supremacia da palavra e da razão, colocando no corpo do ator toda matriz de significado e conduzindo à compreensão da superação da modernidade e do logocentrismo também nas artes da cena expandidas em direção às novas fronteiras da pesquisa em artes? Terceira provocação: superar categorias modernas e logocêntricas é descolonizar? Pode a viagem ao México ter impactado a obra de Artaud de forma a contribuir na busca pela alteridade, por uma epistemologia não ocidental, hibrida e mais fluida, de arte-vida?

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Publicado
2018-06-14
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena