A investigação da performance gestual e sonora nos processos de criação em dança

  • Maria Inês Galvão Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

O presente trabalho busca aprofundar um processo de investigação iniciado em 2010 sobre possíveis relações que se estabelecem em cena entre o som e o movimento. Nesse sentido, o espetáculo de dança Tijanauê, elaborado na disciplina Prática de Montagem do curso de bacharelado em dança da UFRJ em 2014 dá prosseguimento à pesquisa enfocando a abstração de ações do cotidiano integradas à criação de uma linguagem falada também abstrata. Com a invenção de um vocabulário próprio que sonorizava e ao mesmo tempo contextualizava o movimento, os intérpretes construíram personagens que cantavam e contavam com o corpo e a voz suas histórias e suas crenças habitando e preenchendo o espaço durante toda a performance num grande jogo cênico. Compreendendo que “a poesia é anárquica na medida em que põe
em questão todas as relações entre os objetos e entre as formas e suas
significações” (ARTAUD, 1999, p.42), os treze intérpretes criaram cantos,
contos e rezas, em relações de grandes grupos que se transformavam em
duos ou trios como movimentos cíclicos de transformação da vida ao som de um violino que dialogava com um instrumento de percussão. A performance é apresentada ao espectador como espetáculo que simplesmente fala sobre os sentidos e os sentimentos humanos de forma universal e mítica na construção de uma linguagem cênica própria.

Referências

ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes,

GREINER, Christine. Entrevista. In Gesto. Práticas e discursos. LIMA Daniella.

Rio de Janeiro: Cobogó 2013.

Publicado
2018-08-15
Seção
Estudos da Performance