Teatro, censura e silenciamento: Plínio Marcos, uma resistência rebelde

  • Gessé Almeida Araújo Universidade Federal da Bahia
  • Eliene Benício Amâncio Costa Universidade Federal da Bahia

Resumo

A presente comunicação reflete sobre a arte e o poder a partir da relação estabelecida entre o dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999) e a censura teatral durante os ano de ditadura militar pós golpe de 1964. O referido autor foi, no teatro brasileiro moderno, o responsável por dar “voz” aos marginalizados sociais, fato este que faz de suas obras uma das mais atuais da dramaturgia brasileira. Por abordar temas caros à realidade brasileira como o universo da prostituição, a exploração do subemprego e o desgaste do sistema carcerário, acabou por se tornar um dos alvos preferenciais da censura teatral durante os anos 60/70 tendo pelo menos 18 de suas peças sofrido algum tipo de sanção. Tem-se como fios condutores de reflexão: a) a política de silenciamento estabelecia pelos governos militares no Brasil e seus desdobramentos para obra do autor estudado; b) a ligação entre o teatro nos anos de repressão e a conjuntura política da época; c) os desdobramentos éticos e estéticos da censura à obra de Plínio Marcos, que condicionaram, acredita-se, uma poética própria em sua composição marcadamente rebelde, resistente e anti-repressiva, abalizando a sua efetiva contribuição para as artes do espetáculo.

Referências

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Publicado
2018-08-15
Seção
História das Artes e do Espetáculo