Fundamentos do drama moderno: do drama burguês à explicitação da crise
Resumo
Este trabalho faz uma reflexão do drama como forma em crise, crise esta que se acentua ao longo da modernidade. Para isso, retomam-se alguns conceitos de Aristóteles com o intuito de se buscar um entendimento do teatro clássico. A desconstrução do clacissismo francês, sinalizada por Diderot, explicita a ascensão da modernidade burguesa. O lugar onde a burguesia se coloca quando sobe ao poder, lugar esse ocupado antes pela aristocracia, já nasce como uma cisão. Ainda que a moralidade burguesa se difira da aristocrática, ela continua fazendo juízo de valor baseada no “bom” e no “mau gosto”, o que aponta para a diferença de classes. O drama burguês é, assim, um gênero amarrado com a camisa de força da moral, aquela que, por exemplo, exclui a classe operária e serve ao amor heteronormativo e monogâmico. Entretanto, essa camisa de força não vai dar conta de segurar o louco em crise: como discutido por Peter Szondi e Iná Camargo Costa, no século XX o épico formal vai inundar o teatro para evidenciar o conflito entre ideais e fatos, acentuando a cisão e explicitando a crise.Referências
ARISTÓTELES. Poética. Trad. Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbekian,
BORNHEIM, Gerd Alberto. Brecht: a estética do teatro. Rio de Janeiro: Graal,
COSTA, Iná Camargo. Sinta o drama. Petrópolis: Vozes, 1998.
DIDEROT, Denis. Discurso sobre a poesia dramática. Trad. L. F. Franklin de
Matos. São Paulo: Brasiliense, 1986.
FERRY, Luc. Vencer os medos: a filosofia como amor à sabedoria. Trad.
Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno (1880-1950). Trad. Luiz Sérgio
Repa. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.
Publicado
2018-08-15
Seção
História das Artes e do Espetáculo