Fundamentos do drama moderno: do drama burguês à explicitação da crise

  • Gustavo Moreira Alves Universidade Federal de Ouro Preto
  • Luciana da Costa Dias Universidade Federal de Ouro Preto

Resumo

Este trabalho faz uma reflexão do drama como forma em crise, crise esta que se acentua ao longo da modernidade. Para isso, retomam-se alguns conceitos de Aristóteles com o intuito de se buscar um entendimento do teatro clássico. A desconstrução do clacissismo francês, sinalizada por Diderot, explicita a ascensão da modernidade burguesa. O lugar onde a burguesia se coloca quando sobe ao poder, lugar esse ocupado antes pela aristocracia, já nasce como uma cisão. Ainda que a moralidade burguesa se difira da aristocrática, ela continua fazendo juízo de valor baseada no “bom” e no “mau gosto”, o que aponta para a diferença de classes. O drama burguês é, assim, um gênero amarrado com a camisa de força da moral, aquela que, por exemplo, exclui a classe operária e serve ao amor heteronormativo e monogâmico. Entretanto, essa camisa de força não vai dar conta de segurar o louco em crise: como discutido por Peter Szondi e Iná Camargo Costa, no século XX o épico formal vai inundar o teatro para evidenciar o conflito entre ideais e fatos, acentuando a cisão e explicitando a crise.

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Trad. Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbekian,

BORNHEIM, Gerd Alberto. Brecht: a estética do teatro. Rio de Janeiro: Graal,

COSTA, Iná Camargo. Sinta o drama. Petrópolis: Vozes, 1998.

DIDEROT, Denis. Discurso sobre a poesia dramática. Trad. L. F. Franklin de

Matos. São Paulo: Brasiliense, 1986.

FERRY, Luc. Vencer os medos: a filosofia como amor à sabedoria. Trad.

Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno (1880-1950). Trad. Luiz Sérgio

Repa. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.

Publicado
2018-08-15
Seção
História das Artes e do Espetáculo