A obra como experiência recepcional: o caso das As Etiópicas, de Heliodoro. De Shakespeare até nós

  • Marcus Mota Universidade de Brasília/Universidade de Lisboa

Resumo

A reinvenção da tradição grega por meio de fusões, hibridizações e
renegociações estéticas e culturais atinge uma etapa fundamental no
Helenismo. Com a expansão das imagens e textos da Grécia antiga para a Ásia, Europa e África, os entrechoques entre formas de expressão e vivência produzem um verdadeiro laboratório de construção de identidades e modelos de sociabilidade.
As Etiópicas, no século III de nossa era reprocessa a tradição
performativa registrada nos textos clássicos e a redefine a partir de toda uma erudição letrada. Neste reprocessamento, no entanto, neste experimento ficcional, não temos a superação de um modelo de textualidade por outro: antes, o que se pode observar pela tradição seguinte que a recebeu - no caso Shakespeare, entre outro- é que a dramaturgia da presença, da performance assistida presente nos textos gregos clássicos é analisada e tomada como ponto de partida para ampliações e novas possibilidades.
Nesta comunicação são discutidos o campo interartístico, híbrido,
intergênero de As Etiópicas que de fato revela uma busca dos limites e
possibilidades da tradição reinventada a partir de seus suportes
performativos.

Referências

AGAPITOS,P. Narrative, Rhetoric, and 'Drama' Rediscovered: Scholars and Poets in Byzantium Interpret Heliodorus in HUNTER 1998: 125-156.

BARTSCH, S. Decoding the Ancient Novel. The Reader and the Role of Description in Heliodorus and Achilles Tatius. Princeton University Press, 1989.

BRANDÃO, J.L. A invenção do romance. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005.

COBB, C. The Staging of Romance in Late Shakespeare: Text and Theatrical Technique. Associated University Presses, 2010.

COURAUD-LALANNE, S. Théâtralité et dramatisation rituelle dans le roman grec, Gronigen Colloquia on the Novel IX (1998): 1-16.

CUEVA, Edmund P. The Myths of Fiction: Studies in the Canonical Greek Novels. Ann Arbor, 2004.

DETIENNE, M. Les Grecs e Nous. Paris: Perrin, 2005

DOWDEN, K. Heliodoros: Serious Intentions, Classical Quarterly,46(1996): 267-285.

DWORACKI, S. ‘Theatre and Drama in Heliodorus' Aethiopica’. Eos 54(1996):355-361.

ELMER, D. F., “Heliodoros’s ‘Sources’: Intertextuality, Paternity, and the Nile River in the Aithiopika,” TAPA 138.2 (2008) 411–450.

FEUILLTRE, È. Études sur lês Éthiopiques D’Héliodore, Presses Universitaires de France,1966.

FUTRE PINHEIRO M. Estruturas Técnico-Narrativas nas Etiópicas de Heliodoro. Tese de doutorado, Universidade de Lisboa, 1987.

FUTRE PINHEIRO M. Aspectos Formais do Romance Grego, in Os Estudos Literários: (Entre) Ciência e Hermenêutica, Actas do I Congresso da Associação Portuguesa de Literatura Comparada", vol.I, Lisboa, 1990, pp.223-229.

FUTRE PINHEIRO M. Pour une Lecture Critique des Éthiopiques d'Héliodore, Euphrosyne n.s. 20, Lisboa,1992, pp.283-294.

FUTRE PINHEIRO M. Origens grega do género. In: VVAA(Eds.) O Romance Antigo. Origens de um Género Literário. Universidade de Coimbra/Università degle Studi di Bari, 2005, 9-32.

FUTRE PINHEIRO M. Representações do Outro. Masculino/Feminino nos Romances Gregos de Amor in Actas do IV Congresso da APEC (Otium et Negotium. As Antíteses na Antiguidade), Lisboa, Vega, 2007, pp 25-37.

FUTRE PINHEIRO M. Utopia and Utopias: a Study on a Literary Genre in Antiquity”in S. N. Byrne, E.P. Cueva, J. Alvares (eds), Ancient Narrative. Authors, Authority, and Interpreters (Supplementum 5), Grogingen, Baskhuis Publishing and Groningen University Library, 2006, pp. 147-171.

FUTRE PINHEIRO, M. Time and Narrative Technique in Heliodorus' Aethiopica. Aufstieg und Niedergang der Römischen Welt, Band II 34.4 (1998): 3148-3173.

FUTRE PINHEIRO, M. Aspects de la problématique sociale et économique dans le roman d'Héliodore" in Picolo Mondo Antico, ESI, Napoli ,1989, pp. 17- 42.

FUTRE PINHEIRO, M. Calasiris' story and its Narrative Significance in Heliodorus' Aethiopica" in Groningen Colloquium on the Novel, vol. 4, Egbert Forsten, Groningen, 1991, pp. 69-83.

FUTRE PINHEIRO, M. As Etiópicas de Heliodoro no contexto literário da Segunda Sofística . In VVAA, Ética e Estética nos Estudos Literários. Curitiba: Editora UFPR, 2013, pp 523-549.

GESNER, C. Shakespeare and the Greek Romance. University Press of Kentucky. 1982.

GOLDHILL, S. Who Needs Greek? Contests in the Cultural History of Hellenism. Cambridge University Press, 2002.

GROVES, R. W. Cross-Language Communiation in Heliodorus' Aethiopica. Tese de doutorado, University of California, 2012.

GUAL,C.G. Los Orígenes de al novella. Ediciones Istmo,1972.

HÄGG, T. The Novel in Antiquity. University of California Press, 1983.

HALL, E (Org.). Theorising Performance: Greek Drama,Cultural History and Critical Practice. Gerald Duckworth, 2010.

HALL, J. Hellenicity: Between Ethnicity and Culture. The University of Chicago Press, 2002.

HERINGTON, J. Poetry into Drama. Early Tragedy and the Greek Poetic Tradition. University of California Press, 1985.

HOLZBERG, N. Ancient Novel. An Introduction, Routledge, 2005.

HUNTER ,R. (Ed.) Studies in Heliodorus. Cambridge Philological Society Supplementary Volume no. 21, Cambridge Philological Society, 1998.

LAPLACE, M. Theatre et Romanesque dans Les Ethiopiques d’Heliodore, Rheinisches Museum für Philologie 144 (2001):373-396

LEVIN, S. The Ancient Quarrel Between Philosophy and Poetry Revisited. Plato and the Greek Literary Tradition. Oxford University Press, 2001.

LINDLEY, D. Shakespeare and Music. Arden Shakespeare, 2005.

MARINO, H. Il Teatro nel Romanzo: Eliodoro e il Codice Spettacolare, Materiali e Discussioni per l'Analisi dei Testi Classici 25(1990): 203-218.

MARTINDALE, C. e BOOTH, A. (Eds.) Shakespesre and the Classics. Cambridge University Press, 2004.

MOTA, M. A dramaturgia musical de Ésquilo. Investigações sobre composição, realização e recepção de ficções audiovisuais. Brasília: Editora Universidade de Brasília,2009.

MOTA, M. Nos passos de Homero. Ensaios sobre performance, filosofia, música e dança a partir da Antiguidade. São Paulo: Annablume, 2013.

MOWAT,B. The Dramaturgy of Shakespeare’s Romances. The Romances as Open Form Drama. The University of Georgia Press. 1976.

NAGY, G. Poetry as Performance. Homer and Beyond. Cambridge University Press, 2006.

PAULSEN,T. Inszenierung des Schicksals. Tragödie und Komödie in Roman des Heliodor. Trier: WVT Wissenschaftlicher Verlag Trier, 1992.

REARDON, B.P. & MORGAN, J.R. Collected Ancient Greek Novels. University of California Press, 2008.

REIG,C. M., “Les Etiòpiques: la novella com a paròdia dels gèneres dramatics,” Studia philologica Valentina (2010) 105– 118.

REYNOLDS,S. Pregnancy and Imagination in the Winter’s Tale and Heliodorus’ Aithiopika, English Studies, 5(2003): 433-447.

REYNOLDS,S.. ‘Cymbeline and Heliodorus’s Aithiopika . ‘The Loss and Recovery of Form’, Translation and Literature, 13(2004):24-48.

SCHMELING, G.(Org.) The Novel in the Ancient World. Leiden: Brill, 1996.

SHALEV, D. Heliodorus'Speakers: Multiculturalism and Literaty Innovation in Conventions for Framing Speech BICS 49(2006):165-191.

STAGMAN, M. Shakespeare’s Greek Drama Secret. Cambridge Scholars Publishing, 2010.

TELÒ, M. The Eagle's Gaze in the Opening of Heliodorus' Aethiopica," American Journal of Philology 132.4(2011): 581-613.

VLASSOOPOULOS, K. Greeks and Barbarians. Cambridge University Press, 2013.

WALDEN, J.W.H. ‘Stage-terms in Classical Philology’, HSCPh, 5 (1894):1-43.

WHITMARSH, T. Narrative and Identity in the Ancient Greek Novel. Cambridge University Press, 2011.

WHITMARSH, T.(Org.) The Cambridge Companion to The Greek and Roman Novel. Nova York: Cambridge University Press, 2008.

WINKLER,M. The Cinematic Nature of the Opening Scene of Heliodoros’ Aithiopika. Ancient Narrative, 1(2000-2001): 161-184.

Publicado
2018-08-15
Seção
Teorias do Espetáculo e da Recepção