Cena-Performance Gárgula: entre ruptura vanguardista e nostalgia da narrativa unificadora

  • Erlon Cherque Pinto Universidade Federal da Paraíba

Resumo

Ao estabelecer o corpus de análise em ‘Ler o teatro contemporâneo’, o autor Jean Pierre Ryngaert recorreu à produção teatral que resiste ao resumo rápido e solicita cooperação do leitor para gerar significação. Dentre outros aspectos, Jean Pierre Ryngaert aponta que a ruptura ampla das Vanguardas Teatrais dos anos 50 com o Teatro Burguês influencia o filão de Teatro Contemporâneo considerado. Porém, a média dos espectadores contemporâneos parece demonstrar certo saudosismo em relação à narrativa unificadora (ideia presente na ‘Poética’, de Aristóteles). A partir deste ponto, forma-se o problema de pesquisa: mediação entre instabilidade/fragmentação da significação teatral contemporânea e nostalgia da recepção em torno do sentido completo e unificado. A hipótese de trabalho abrange: vestígios da fábula na condição de
estratégia ou pista falsa, possível elemento de jogo e provocação mútua entre a encenação e espectador. Neste contexto, a Cena-Performance ‘Gárgula’ explora a noção de fronteira entre Teatro e outras áreas. Após cada apresentação, a equipe de ‘Gárgula’ retorna à sala de ensaios para ponderar sobre as respostas do espectador (níveis de envolvimento e participação) e promover reformulação estética e científica articulada ao eixo composto por problema de pesquisa e hipótese de trabalho mencionados.

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Publicado
2018-08-15
Seção
Teorias do Espetáculo e da Recepção