O corpo como artefato e estratégias feministas
Resumo
Atentando para uma nova ênfase no corpo como principal agenciador dodiscurso cênico na cena contemporânea, esta pesquisa busca relacionar os procedimentos criativos dos espetáculos Corpo/Ilícito, do La Pocha Nostra e “B-T-G-P-T-1-4-0-5-9-CÂMBIO”, do coletivo Teatro de Operações, com estratégias características de práticas artísticas feministas. Dentre tais estratégias destaca-se a utilização do próprio corpo para desnaturalizar “o outro”, e o olhar sobre a alteridade constitutiva de cada sujeito. Sabe-se que o corpo é o território privilegiado de intervenção biopolítica, o lócus onde se encarnam as principais batalhas que travamos. Porém os corpos não são simplesmente produtos do regime de poder em que estão inscritos, uma vez que também o produzem. Tratar de política a partir de questões que estão encarnadas no próprio corpo, através de certas estratégias, permite situar tais criações em uma genealogia das práticas ativistas e artísticas ligadas ao feminismo, práticas que buscam problematizar os processos hegemônicos de subjetivação. Mesmo considerando o fato de que existem diversos feminismos, que possuem consideráveis diferenças entre si, aqui “o feminismo” é entendido como um dos mais significativos discursos críticos surgidos no século XX que irá debruçar-se o corpo e suas implicações políticas.
Referências
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_________________. Testo Yonqui, Madrid: Ed. Espasa Calpe, 2008.
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