O corpo como artefato e estratégias feministas

  • Camila Bastos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

Atentando para uma nova ênfase no corpo como principal agenciador do
discurso cênico na cena contemporânea, esta pesquisa busca relacionar os procedimentos criativos dos espetáculos Corpo/Ilícito, do La Pocha Nostra e “B-T-G-P-T-1-4-0-5-9-CÂMBIO”, do coletivo Teatro de Operações, com estratégias características de práticas artísticas feministas. Dentre tais estratégias destaca-se a utilização do próprio corpo para desnaturalizar “o outro”, e o olhar sobre a alteridade constitutiva de cada sujeito. Sabe-se que o corpo é o território privilegiado de intervenção biopolítica, o lócus onde se encarnam as principais batalhas que travamos. Porém os corpos não são simplesmente produtos do regime de poder em que estão inscritos, uma vez que também o produzem. Tratar de política a partir de questões que estão encarnadas no próprio corpo, através de certas estratégias, permite situar tais criações em uma genealogia das práticas ativistas e artísticas ligadas ao feminismo, práticas que buscam problematizar os processos hegemônicos de subjetivação. Mesmo considerando o fato de que existem diversos feminismos, que possuem consideráveis diferenças entre si, aqui “o feminismo” é entendido como um dos mais significativos discursos críticos surgidos no século XX que irá debruçar-se o corpo e suas implicações políticas.

Referências

BASTOS, Camila. Operaciones Micropolíticas, Idle Talk #300, Programa de Estudios Independientes, Barcelona, 2013, p-7-9, Disponível em <http://morpei.org/Idletalk.pdf > Acesso em 28/11/2014.

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_________________. Testo Yonqui, Madrid: Ed. Espasa Calpe, 2008.

RED CONCEPTUALISMOS DEL SUR, Perder la Forma Humana: una imagen sísmica de los años ochenta en América Latina, Madrid: Editoriales del MNCAR, 2013.

Publicado
2018-08-15
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena