O esforço em tornar-se: a experiência da metamorfose mítica e do corpo ancestral

Resumo

O esforço em tornar-se outro: a experiência da metamorfose mítica e do corpo ancestral registra a construção da corporeidade no espetáculo Xapiri Xapirê, Lá Onde Dançávamos Sobre Espelhos, criado em parceria pela Cia 8 Nova Dança e a Cia Livre de Teatro, entre 2013 e 2014. Xapiri Xapirê baseou-se na pesquisa sobre povos ameríndios, para a criação de um trabalho híbrido entre teatro e dança, cujo desafio criativo foi a vivência do corpo em transformação, com vistas à criação de uma corporalidade ancestral. Desmontando concepções - e preconceitos - sobre corporeidade, subjetividade e ancestralidade, a obra sugere um caminho de aproximação intercultural entre a tradição ocidental e as dos povos das florestas. Refletindo sobre a feitura do espetáculo e com base em textos de Eduardo Viveiros de Castro, Manuela Carneiro da Cunha, Renato Sztutman, Gilles Deleuze e Félix Guattari, entre outros, a cartografia dessa singular experiência desdobrará a noção de “antropofagia” enquanto um procedimento criativo em teatro, assim como a discussão sobre performatividade e representação na cena atual, revista a partir do conceito de metamorfose mítica, que substitui o “processo” pelo “acontecimento”.