Cover de si mesmo: performance e simulacro

  • Henrique Saidel Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Charles Feitosa Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

Nesta comunicação, apresento temas de minha pesquisa de doutorado Covers e duplos – propostas para uma performace da presença. A partir da obra de G. Deleuze, o simulacro surge como linha de força para a discussão sobre o cover. Desenvolverei, aqui, algumas reflexões sobre o simulacro, em seus desdobramentos filosóficos e performáticos. Avesso ao Mesmo, o simulacro não só diz que a cópia pode ser superior ao original, como também que a própria noção de original e cópia não passa de simulação. A semelhança, se existe, é apenas efeito exterior do simulacro; se há identidade, é a identidade do Diferente. A presença de uma imagem subversiva, que não respeita a autoridade de um pai-original e se entrega aos fluxos e às delícias (e também aos perigos e amarguras) do Outro. Se o cover da indústria cultural pode ser relacionado com a emergência do Mesmo e da Semelhança, o cover performático que pretendo investigar e propor artisticamente – o cover de si mesmo, de mim mesmo – opera justamente pela via da Diferença e da Dessemelhança. O cover de si mesmo procura as frestas, as obscuridades, vibradas pelo atravessamento do Outro. Ironia que se dobra no próprio corpo do performer. O Eu simulado, simulacro de mim: A Diferença em mim.

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Porto Alegre: Globo, 1966.

DELEUZE, G. Diferença e repetição. 2aed. Rio de Janeiro: Graal, 2006.

______. Lógica do sentido. 4aed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

LIMA, Luiz Costa. Introdução geral. In: ______. (org.). Mímesis e a reflexão contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

______. Deleuze: estética antirrepresentacional y mimesis. In: Estudios Públicos. Vol. 74. Santiago, Chile: 1999.

Publicado
2018-08-15
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena