Memória enquanto escrita sintomática: reflexões sobre sobreposições temporais e rupturas narrativas em A Sacra Folia de Luis Alberto de Abreu

  • Stephan Baumgärtel Universidade do Estado de Santa Catarina

Resumo

A presente comunicação parte de uma diferenciação entre dois tipos de memória, uma memória representacional ou simbólica, e uma memória performativa ou sintomática. A primeira lembra o passado e simultaneamente apresenta uma interpretação, um sentido, desse conteúdo que está mantido na distância temporal. A segunda apresenta este passado enquanto uma força que age sobre o sujeito que se lembra, por meio de
estruturas sintomáticas cujo sentido precisa ser descoberto. A partir dessa
perspectiva, o trabalho analisa trechos de textos do dramaturgo Luis Alberto de
Abreu no que diz respeito à construção de estruturas mnemônicas, à
organização temporal de sua narrativa e ao impacto sobre a dupla enunciação
do discurso teatral que as modificações na representação da memória
provocam. Percebo no jogo entre a memória enquanto escrita simbólica e/ou
sintomática um jogo entre estruturas representacionais e performativas que
alicerça a dramaturgia não-dramática contemporânea.

Referências

ABREU, Luis Alberto de. Um teatro de pesquisa. Ed. Adélia Nicolete. São Paulo: Perspectiva, 2011.

NICOLETE, Adélia. Até a última sílaba. São Paulo: Imprensa Oficial, 2004.

TERDIMAN, Richard. Modernity and the Memory Crisis. Ithaca & London: Cornell University Press, 1993.

Publicado
2018-08-26
Seção
Dramaturgia, Tradição e Contemporaneidade