Espetacularidade, Teatralidade e Cinema

Resumo

Na maior parte dos estudos sobre a relação entre Teatro e Cinema, o uso do termo
“espetacularidade” quando relacionado à arte cinematográfica, se refere ao momento
em que o filme pronto é projetado na sala escura para o espectador. O presente
artigo propõe o uso do conceito de “espetacularidade” de Jean Marie Pradier, não
para avaliar a espectação da obra pronta, mas para análise do processo de criação
da cena cinematográfica. É a apropriação de um conceito que trata da relação peculiar
entre os participantes de um evento, que tanto pode ser um ritual, quanto uma
cena teatral, para analisar o momento em que atores e equipe criam juntos a cena
de um filme. Nessa perspectiva, elenco e equipe são participantes/construtores de
um estado de comunicação especial, onde a teatralidade, a performatividade e a colaboratividade na criação de um espaço/tempo ficcional, podem ser associados a
uma situação de Liminaridade e de formação de Comunnitas temporárias. Para avaliar
essa hipótese é analisada a experiência de produção do longa metragem documentário
Argus Montenegro & A Instabilidade do Tempo Forte, com o fito de observar
essa dinâmica e como ela ocorreu.