Evocar, reapropriar-se, impregnar: ações poéticas para dar carne à memória

Resumo

O objetivo desta comunicação é refletir sobre os procedimentos de recriação da
coreografia-solo Chantal/Caixa de Ilusões, dançada pela primeira vez em 1994 e
reapresentada em 2010. O espetáculo Caixa de Ilusões, com direção de Eva Schul,
inspirou-se na peça O Balcão, de Jean Genet. Nele, a autora interpretou Chantal, a
prostituta que se torna mártir da revolução, dançando a mesma coreografia que foi
reencenada 16 anos depois, integrando o projeto Dar carne à memória. Como reviver no corpo essa coreografia para poder habitá-la? Como dar carne à essas memórias? Evocar o corpo, reapropriar-se do movimento e impregnar a coreografia foram algumas das ações poéticas utilizadas nesse processo. Sendo assim, as sensações, percepções e reflexões decorrentes da atuação da intérprete constituem as principais fontes de informações a serem analisadas nesse estudo. Desse modo, a autoetnografia, compreendida como escrita de si, que permite o ir e vir entre as
experiências pessoais e as dimensões culturais e que busca reconhecer, questionar
e interpretar as próprias estruturas e políticas do eu, tornou-se uma das principais
referências teórico-metodológicas do trabalho.