Jorge Andrade e a formação: A história como dramaturgia

  • Berilo Luigi Deiró Nosella Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo

Historicamente, na década de 1930 inicia-se o projeto de implantação de uma
República Democrática Moderna no Brasil. Tal momento encontra-se embalado pelo sentimento (e idéia) do Nacionalismo, que vem acompanhando esse processo de (auto) afirmação nacional no mundo desde 1780, e por uma idéia (e sentimento) mais brasileira: a da Formação.
No âmbito cultural, a obra de Antonio Cândido instaura-se como grande marco do
pensamento sobre a Formação de nossa literatura e a de Décio de Almeida Prado, em termos teóricos e historiográficos, em relação ao nosso teatro.
Talvez não haja, em nossa história, nenhum outro pensamento próprio que tenha
influenciado de forma tão profunda e duradoura nosso fazer artístico e cultural: no caso, nosso fazer teatral. O pensamento sobre a Formação, apenas como exemplo, definiu de forma quase inconsciente toda nossa compreensão do conceito de Teatro Moderno, conseqüentemente de Teatro Moderno Brasileiro, de Teatro Brasileiro, e até mesmo de Teatro; também determinou grandes empreendimentos artísticos nacionais como a criação da EAD e do TBC; e, obviamente, influenciou diretamente um dos nossos maiores autores teatrais do século XX: Jorge Andrade.
O que propomos é analisar as correlações entre o pensamento sobre a Formação do Teatro Brasileiro, fundamentalmente presentes nas obras de Décio de Almeida Prado e Alfredo Mesquita, e a dramaturgia de Jorge Andrade, não apenas num âmbito temático, mas sim formal. Ou seja, procurar perceber como um pensamento, como o da Formação, embalado por uma ideologia, como o Nacionalismo, podem apresentar-se como matéria prima das formulações estéticas de um determinado período histórico.

Referências

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