Monocromo biográfico, estratégias de registro e manipulação da identidade

  • Clovis Marcio Cunha

Resumo

Neste trabalho analiso as estratégias de criação coletiva que encontram na justaposição de linguagens os recursos para a construção, desconstrução e destruição da identidade do artista. As estratégias de criação analisadas não seguem um princípio linear, elas recorrem a princípios colaborativos que estilhaçam a unidade inicial da criação, transformando a narrativa linear pretendida em um labirinto expandido. A cena Monocromo Biográfico expõe narrativas paralelas em conflito, colagem, apropriação, cor inexistente, invisibilidade, documentário, tempo e representação fragilizados durante quinze minutos.  A investigação desenvolvida durante este processo criativo, apresentado na IV Mostra Cena Breve – A linguagem dos Grupos (2008), está baseada no pensamento de que a vida se estrutura em procedimentos de construção da linguagem, que modificam a natureza primária dos acontecimentos gerando fragilidade na percepção da verdade ao expor imagens documentais contrapostas com imagens manipuladas. A representação apresentada sobre o palco sobrevive à sombra de referências pictóricas impostas pelo vídeo-arte, que disputa com o ator a atenção do público.  Sobre o palco italiano a capacidade simbólica da representação teatral se desloca para a ação do vídeo, tornando-o corpo vivo, que interage com o espaço como um “corpo-obra”. Assim, encontrando-se em estado fronteiriço entre a vida e a ficção, identidade, espaço, tempo, e representação se estendem e se hibridizam.

Referências

COHEN, Renato. Performance como Linguagem. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1989.

GLUSBERG, Jorge. A Arte da Performance. São Paulo: Ed. Perspectiva. 1987

SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do Pós-humano, da Cultura das Mídias à Ciber Cultura. São Paulo: Paulus, 2003.

SANTOS, Valmir. Molduras Abertas. Disponível em:

http://mostracenabreve.blogspot.com/2008/11/molduras-abertas.html

Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas