Etapas da formação de um ator brasileiro no Teatro Duse de Paschoal Carlos Magno

  • Diego Molina

Resumo

Este estudo chama a atenção para um determinado momento da trajetória dos processos de criação cênica nacional – na década de 1950 –, particularizando não um trabalho específico, mas um mecanismo específico de “formação” atorial ocorrido dentro do primeiro teatro-laboratório do país, o Teatro Duse, na tentativa de compreender como o processo de formação do artista (primeiro momento) pode interferir na realização de seus projetos futuros. Assim, tomar-se-á como objeto de referência um processo peculiar. O pequeno Teatro Duse, de apenas cem lugares, foi construído na própria casa do empreendedor cultural Paschoal Carlos Magno e funcionou em sua residência entre 1952 e 1958, sendo responsável pela revelação de dezenas de importantes artistas do teatro moderno brasileiro.
Em geral, o artista passava por um processo peculiar na sua curta trajetória de formação: 1) através da imprensa ou por indicação de algum artista, o aluno tomava conhecimento do Teatro Duse; 2) o estudante era avaliado por uma banca ou pelo próprio Paschoal Carlos Magno; 3) uma vez no Duse, participava das aulas e tinha um primeiro contato com conteúdo teórico e prático; 4) via de regra, o aspirante trabalhava em diversas montagens, mas desempenhando funções variadas, desde as atividades técnicas até o trabalho artístico propriamente dito (atuação, direção, criação de cenários e figurinos); 5) paralelamente, o jovem artista construía uma nova vida social, participando dos diversos eventos promovidos por Paschoal Carlos Magno e estreitando suas relações com a classe artística em geral; 6) ao desempenhar funções de destaque, o artista entrava na “vitrine” do mercado teatral, devido a presença constante dos empresários na platéia do teatro; 7) caso não fosse logo contratado, o aluno mantinha suas atividades no Duse até surgirem convites ou formar, com outros integrantes, sua própria companhia.