O coro emancipado? (notas de percurso)

  • Fabio Cordeiro dos Santos

Resumo

Durante minha pesquisa de mestrado, entrei em contato com a expressão “processo colaborativo”; o conceito se apresentava como repertório de idéias, posturas e propostas de organização coletiva da criação (o “espírito colaborativo”). Quando participei do V Congresso da ABRACE, apresentei os principais tópicos deste trabalho. Foi trabalhando como diretor assistente e assessor teórico em espetáculos dirigidos por Enrique Diaz, tais como O Rei da vela (2000), e depois, durante o processo de criação de A Paixão segundo GH (2002), que comecei a me aproximar, teoricamente, deste horizonte de possibilidades metodológicas de encenação; em minha dissertação (Processos criativos da Cia. dos Atores) procurei apontar para algumas perspectivas relativas à autoria coletiva e a possibilidade de pensarmos em um “teatro colaborativo”. Em minha tese (O coral e o colaborativo no Teatro Brasileiro), procuro abordar a cena, e os procedimentos de composição acionados, analisando o aproveitamento e as apropriações da “teatralidade do coro” que determinados coletivos de criadores têm apresentado em seus espetáculos. Em que medida, um coletivo que assina seu trabalho e, portanto, “fala em nome de si”, pode ser pensado como um tipo de coro emancipado? Esta, entre outras indagações, que veremos nesta comunicação, movem os percursos de minha pesquisa de doutorado que destaca encenadores (Antunes Filho, Enrique Diaz e Antônio Araújo) dedicados a práticas teóricas e cênicas de investigação da teatralidade; e das formas corais. A presença do coro em cena se transforma em objeto e em ato de um processo de compreensão coletiva? Mas quando pensamos historicamente em exemplos de coletivos do Teatro Brasileiro, como o Teatro de Arena, em que medida seu nome o sintetiza e o constitui como sujeito que é percebido como autor da cena? Afinal, o “Arena conta.”

Referências

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