Imagens como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos

  • Ana Maria Pacheco Carneiro

Resumo

Estudos atuais na área de Psicologia da Percepção afirmam que a maior parte das
informações que o homem recebe vem por imagens – símbolos, sinais, mensagens, alegorias. Pertencentes à ordem do imaginário, as imagens atuam na apreensão de informações no âmbito do conhecimento sensível. Na realidade, nunca pensamos sem que uma imagem se forme em nossa mente. Documentos textuais, elas podem contribuir como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos e, dessa forma, apontar caminhos para a área da docência em Artes Cênicas.
A partir de experiências realizadas no âmbito do Curso de Licenciatura e Bacharelado
em Teatro, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e relacionadas à utilização de
fotografias na ampliação e aprofundamento de metodologias de pesquisa e de ensino em Artes Cênicas, percebo a possibilidade de as imagens exercerem essa ação provocadora por meio de determinadas qualidades – características que, sob alguns aspectos, se aproximam do que Barthes (1984) denomina como punctum, e que podem ser identificadas como um detalhe significativo que se apodera da sensibilidade do observador e produz a elaboração mental do fato ali retratado.
Em minhas pesquisas, venho elegendo como essenciais para trabalhos relacionados ao
corpo do ator as imagens cujas qualidades abarcam espacialidade, formas, movimento e dramaticidade de expressão. Tais imagens, ao fortalecerem a percepção do corpo no espaço, se tornam estímulos para a apreensão de noções relativas a volume, mobilidade, flexibilidade e dinâmica e atuam positivamente na realização de trajetos do corpo no tempo e no espaço, proporcionando ao ator a aquisição e/ou reforço de noções de organização e desorganização de seu corpo no espaço/tempo da cena.
Esta comunicação tem como base alguns momentos-chave das práticas realizadas
nessas pesquisas, de modo a pontuar parte das reflexões que tais práticas têm proporcionado acerca do tema acima pontuado: a possível contribuição de imagens como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos.

Referências

BARTHES, Roland. A câmara clara. Nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

CARNEIRO, Ana Maria Pacheco. Fotografias como documentos “textuais” – um exercício interpretativo sobre fotos do acervo documental do Grupo de Teatro Tá na Rua. In: Anais do II

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_________ . Fotografias como documentos “textuais”: pontuações sobre as encenações de Romeu e Julieta e Um Molière Imaginário (Grupo Galpão – 1992/1998). In: Anais do III Congresso Brasileiro de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, Florianópolis, 8 a 11 de

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