Teatro Documentário: a pedagogia da não ficção

  • Marcelo Soler

Resumo

Diferentemente do Brasil, grupos de inúmeros países vêm se dedicando, na
atualidade, a pesquisas em torno de uma proposta em Teatro Documentário. No começo de 2007, por exemplo, o grupo alemão Rimini Protokóll esteve no Brasil e apresentou em São Paulo, no Sesc Avenida Paulista, o espetáculo Chácara Paraíso, que consistia numa “forma de instalação que mesclava o documental e o ficcional, mostrando biografias de pessoas que em algum momento de sua vida atravessaram o universo policial”. Há mais de 10 anos o trabalho do Rimini se relaciona à investigação de práticas documentárias.
Se os discursos artísticos, em alguma instância, se valem de documentos como fontes
primárias no seu processo de elaboração, nem todos eles têm a intencionalidade, tanto em seus procedimentos quanto em seus objetivos, de documentar. Existe uma especificidade no fazer artístico e, conseqüentemente, na própria produção advinda dele que extrapola a mera oposição à ficção, para evidenciar a análise dos fatos vividos, experienciados, observados.
Por isso, nossa reflexão pretende conceituar teoricamente que tipos de práticas
recebem essa qualificação para, em seguida, demonstrar como o caráter estético de uma proposta de documentário em teatro traz em si mesmo os elementos de caráter educacional. O trabalho é fruto da dissertação homônima, indicada a publicação, que contou com a orientação da Profa. Dra. Maria Lúcia Pupo.

Referências

DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Espectador. São Paulo, Hucitec, 2003.

PISCATOR, Erwin. Teatro Político. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1968.

PUPO, Maria Lúcia de S. B. Entre o Mediterrâneo e o Atlântico – uma aventura teatral. São Paulo, Perspectiva, 2006

RAMOS, Fernão P. Mas afinal… o que é mesmo documentário? São Paulo, Editora Senac, 2007.

ROSENFELD, Anatol. Prismas do Teatro. São Paulo, Editora Perspectiva, 1993.

WEISS, Peter. “14 unkte zum dokumentarischen Theater” in Dramen, vol. 2, Suhrkamp, Frankfurt, 1968.