Prática da invenção no exercício da improvisação em dança

  • Mônica Medeiros Ribeiro

Resumo

A comunicação ou a afeccção são processos de aproximação entre o artista e o
espectador. Um afetado pelo outro conferem sentido à criação, criando a possibilidade de uma contínua renovação do olhar. O ato de renovar está imbuído de um ato percepção que é, em si, cognição. A percepção já é pensamento, o que implica que todas as construções mentais envolvidas na recepção, no processamento de informação, no armazenamento, ou seja, na aprendizagem, são cognoscitivas. A criação renova e é renovada pelo olhar de si e dos outros.
Na arte, ela se dá em um movimento relacional, seja com o outro, ou com o ambiente visual e sonoro que a recebe e a concebe. O processo criativo em arte se dá a partir da relação com o outro, com o meio, e, assim, gera conhecimento por meio de uma cognição inventiva. O ambiente que gera este texto é aquele da sala de aula da disciplina “Estudos Corporais A” para alunos atores do curso de Graduação em teatro da EBA/UFMG. Percebe-se a necessidade de reflexão acerca da prática inventiva na improvisação em dança. Como a improvisação é tida como um operador de criação em dança visando a composição coreográfica, a pergunta que se pretende aqui problematizar, mais que responder é: Quais seriam as características de uma improvisação na dança? A metodologia utilizada para elaboração do presente texto consta de uma breve revisão bibliográfica com os descritores improvisação, composição e habilidade inventiva. A análise qualitativa por meio da observação participante também foi realizada em sala de aula da disciplina “Estudos Corporais A”. Dessa maneira, a participação do professor na sala de aula ministrando os exercícios de criação de sequências de movimentos expressivos, observando os resultados e dialogando com os alunos sobre os mesmos possibilitou a aproximação entre a teoria e a prática referentes ao objeto deste trabalho.
A partir da revisão bibliográfica realizada encontra-se a correlação entre cognição e
invenção. A aprendizagem no contexto dos estudos da cognição inventiva é vista como
coordenação entre mente e corpo. Pensamento e movimento não se distinguem a partir da compreensão do aprender na dança como o ato de inscrever a cognição no corpo.

Referências

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Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações