“Eu não estou aí”: o jogo paradoxal entre a cena e o espectador em Rainer, Bel, Keersmaeker e Mantero

  • Mariana Fernandes
  • Eliane Carvalho

Resumo

O presente trabalho investiga a interação entre o espectador e a cena nas
obras dos coreógrafos Yvonne Rainer, Jérôme Bel, Mathilde Monnier e Vera
Mantero. Em diálogo permanente com o território artístico da performance, tais
coreógrafos problematizam a relação estabelecida entre a dança, o movimento
e a estrutura espetacular. Os artistas citados criam a partir de um espaço
paradoxal. Ao mesmo tempo que criticam o caráter fetichizante e alienante do
espetáculo, não abandonam completamente a sua estrutura. Esse paradoxo
cria um espaço híbrido, produzindo estratégias de produção de sentido que se
enderecem ao espectador sem fechar-se no território totalizante da
significação. Nesse sentido, o movimento dançado estabelece ligações não
convencionais com a palavra literária e com o pensamento, distorcendo e
alargando os limites do que entendemos por dança. Como transformar esse
não-lugar em um espaço de criação de sentidos que escapam à lógica da
significação é a principal questão do nosso trabalho.

Biografia do Autor

Mariana Fernandes
Orientadora: Ana Paula Veiga Kiffer
Eliane Carvalho
Orientadora: Beatriz Cerbino

Referências

BANES, Sally. Terpsichore in sneakers: post-modern dance. Middletown:

Wesleyan University Press, 1987.

DIDI-HUBERMAN. Le danseur des solitudes. Paris: Les éditions de Minuit,

GIL, José. Movimento Total: O corpo e a dança. Lisboa: Iluminuras, 2005.

LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978.

LEPECKI, André. Exhausting Dance: performance and the politics of

movement. Nova York: Routledge, 2006.