A oficina de dramaturgia no contexto contemporâneo: reflexões sobre estratégias de escrita teatral não-dramáticas

  • Stephan Baumgärtel

Resumo

A maioria dos manuais sobre dramaturgia teatral estabelece uma relação
estreita entre trama e personagem; ainda concebe a ação teatral enquanto
linear e causal e foca numa linguagem mimética predominantemente figurativa.
Essas ênfases, entre outras, revelam uma fidelidade desses manuais ao drama
rigoroso enquanto modelo de escrita teatral. Embutidas nesse modelo estão
noções de história e subjetividade promovidas pela cultura burguesa humanista
e iluminista com sua concepção específica de modernidade e subjetividade.
Em oposição a esse modelo do drama, desde os anos 60 vêm se
estabelecendo escritas teatrais que constroem o texto enquanto mundo próprio
baseado em procedimentos de uma escrita performativa. Seus jogos de
linguagem combinam diferentes níveis de linguagem, metalinguagem,
justaposição de discursos históricos e pessoais, entre outros, a fim de criar
uma densa textualidade multifocal e polifônica que solapa as estruturas da
concepção burguesa de subjetividade e história. Após apresentar brevemente
algumas das características linguísticas dessa escrita não-dramática, o
presente ensaio tece reflexões acerca das estratégias de escrita que uma
oficina de criação de textos teatrais possa adotar para provocar em seus
participantes experiências ricas de uma escrita não-dramática e performativa.

Referências

BAUMGÄRTEL, Stephan. “Conflitos estruturais no texto pós-dramático:

reflexões sobre o deslocamento do conflito dramático na teatralidade

performativa e sua aplicação na dramaturgia brasileira.” In: Cássia Navas; Marta Isaacsson; Sílvia Fernandes. (Org.). Ensaios em cena. Salvador, São Paulo, Brasília: 2010a, pp. 34-45.

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