Massimo Castri, encenador de Pirandello: Questasera si recita a soggetto uma cena entre Brecht e Artaud

  • Martha Ribeiro

Resumo

Nossa proposta é analisar a escritura cênica do encenador Italiano Massimo
Castri para a obra teatral Questasera si recita a sogetto, de Luigi Pirandello,
realizada e documentada em vídeo, no ano de 2003, à luz de uma
aproximação, à primeira vista, “paradoxal”, entre dois importantes pensadores
do teatro: Artaud e Brecht. Castri, em seu livro, “Pirandello Ottanta” (1981),
propõe um Pirandello muito mais ousado que as famosas montagens
“racionais”, “cerebrais”, que se multiplicaram nos anos 60. Um Pirandello, como
se diz na Itália, nero, isto é, maldito, no sentido de uma exploração dos temas
tabus de sua escritura: como o incesto, o sexo, o inconsciente, a morte. No
entanto Castri, também em consonância com o pensamento pirandelliano, não
deixará de promover o avanço do épico sobre o dramático, ousando
desencavar no texto Questasera si recita a soggetto uma escritura política. Mas
essa proposta política se estabelece a partir de uma nova determinação do
conceito de teatro político, que a aproxima do que hoje se entende por político
no teatro pós-dramático. O encenador, e seu olhar sobre Pirandello, nos
mostram de forma irrefutável as inúmeras contribuições que determinadas
encenações oferecem às análises textuais da obra pirandelliana.

Referências

CASTRI, Massimo. Pirandello Ottanta. Bologna: Ubulibri, 1981.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, Freud, Marx. In: Arqueologia das Ciências e

História dos sistemas de Pensamento. Tradução, Elisa Monteiro. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 2000.

PIRANDELLO, Luigi. Esta Noite se representa de improviso. In: Pirandello, do teatro no teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.

RIBEIRO, Martha. Luigi Pirandello: um teatro para Marta Abba. São Paulo:

Perspectiva, 2010.

SCIASCIA, Leonardo. Pirandello e la Sicilia. Roma: Salvatore Sciascia Editore, 1968.