Jogos de linguagem e oralidade na construção do texto teatral

  • Patrícia dos Santos Silveira
  • Stephan Baumgärtel

Resumo

Este artigo visa analisar a dramaturgia construída a partir do trabalho do ator
por meio de sua criação cênica oral. Aborda as relações entre corpo e
linguagem verbal quando o texto teatral não é escrito antes do processo de
ensaios. Para isso, busca entender as características da criação oral do ator e
como elas podem ser preservadas, enfatizadas ou problematizadas para o
desenvolvimento de diferentes textualidades, mais próximas da forma
dramática ou performativa. A criação oral do ator, quando não há um texto
escrito como origem de sua fala, tende a colocar corpo e criação verbal em
uma relação de proximidade de sentidos. A expressão corpórea e a fala
completam-se e apoiam-se para que o sentido geral pretendido pelo ator seja
alcançado. Assim, sua fala tem uma relação de dependência com os outros
elementos sígnicos que fazem parte do processo de construção cênica. A
observação desse aspecto e o estabelecimento de conflitos nessa relação
entre corpo e linguagem permitem o desenvolvimento de questões teóricas
sobre o papel da oralidade no fazer teatral e a criação de exercícios cênicos
que relacionem escrita e improvisação oral. Assim, são colocadas questões
teóricas sobre oralidade e discutidas algumas características e contribuições
que determinados jogos de linguagem e exercícios práticos de criação oral
colocam à construção de dramaturgia.

Referências

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ONG, Walter. Oralidade e cultura escrita. São Paulo: Papirus, 1998.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. São Paulo: Hucitec, 1998.

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Companhia das Letras, 1993.

FISCHER, Stela Regina. Processo colaborativo: experiências de companhias

teatrais brasileiras nos anos 90. Dissertação (Mestrado) – Unicamp, Campinas, 2003.