Lugares vazios: uma exploração dos processos de criação do Núcleo de Investigação – Usina do Trabalho do Ator

  • Ana Cecília de Carvalho Reckziegel
  • Gilberto Icle

Resumo

A presente comunicação propõe uma discussão sobre aspectos relativos ao
trabalho criativo do ator, constantes nos processos de criação dos espetáculos
do grupo porto-alegrense Usina do Trabalho do Ator (UTA), no qual a autora
deste texto é atriz e pesquisadora. A discussão dá-se a partir de uma
perspectiva foucaultiana, segundo a qual o sujeito de um enunciado é uma
função vazia, e na qual um indivíduo pode ocupar diversas posições e assumir
o papel de diferentes sujeitos em uma série de enunciados. Pensa-se que as
funções teatrais de ator, diretor e dramaturgo constituem lugares vazios nas
práticas teatrais que utilizam processos de criação coletivos, os quais podem
ser ocupados de forma simultânea, por um único, ou por diferentes
indivíduos/atores no momento da construção de um espetáculo teatral. O
objetivo da discussão é pensar sobre as diferentes formas de ocupação desses
lugares vazios no âmbito do trabalho artístico e criativo do UTA, perceber como
os integrantes do grupo desenvolvem e compartilham seu material criativo, e
como esse processo de construção conforma os artistas como atores-diretoresdramaturgos. Utilizam-se depoimentos colhidos em entrevista semiestruturada
realizada com atores do grupo, os quais revelam questões relativas aos
processos de criação do primeiro e do último espetáculo realizados pelo grupo,
Klaxon (1994) e Cinco tempos para a morte (2010), respectivamente. A análise
considera aspectos relativos aos processos criativos, temática e estrutura
destes espetáculos.

Referências

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