A Cultura Lúdica como proposta para a desconstrução do “Mito Homem Sério”

  • Lúcia Fernandes Lobato

Resumo

O artigo propõe apontar a Cultura Lúdica como um instrumento de
desconstrução do “Mito Homem Sério”, paradigma construído na modernidade,
no qual o cientificismo desconsiderou qualquer outra forma de saber,
principalmente o saber-fazer aprendido pela oralidade, nos costumes e tarefas
comuns da vida. Brincar, jogar e rir eram hábitos condenados e próprios dos
desocupados, que vadiavam e não levavam a vida a sério. O argumento
defende a importância do jogo, do riso e da festa para o (re)equilíbrio constante
da vida em sociedade. Aponta que nossa encruzilhada étnica nos fez herdeiros
de uma ancestralidade de comportamento festivo e que a sisudez nos foi
imposta por uma colonização predatória. Aponta a Cultura Lúdica como
estratégia da arte, em especial da Dança, como um caminho para a revelação
do nosso corpo-ludo-biográfico que pode emergir das suas dimensões
perdidas, reconhecer em si mesmo, as leis que o governam e ser capaz de sua
autopoiése. Teóricos como Caillois, Duvignaud, Huizinga e Maffesolli deram
fundamento a estas proposições.

Referências

ALMEIDA, Marcus Vinícius Machado. Corpo e Arte em Terapia Ocupacional.

Editora Enelivros, Rio de Janeiro, 2004.

CAILLOIS, Roger. Os Jogos e os Homens. Editora Cotovia, Lisboa, 1990.

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DUQUE-ESTRADA, Paulo César. Às Margens - A propósito de Derrida,

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DUVIGNAUD, Jean. Festas e Civilizações. Edições Universidade Federal do

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HADDOCK LOBO, Rafael (org.). Os Filósofos e a Arte. Editora Rocco, Rio de

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Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações