Corporeidade na Dança: rastros e memória

  • Tânia Mara Silva Meireles

Resumo

O atual estudo concentra-se na relação entre o corpo artístico do profissional
de dança e o repertório por ele dançado. Busca-se identificar uma corporeidade
constituída via rastros e memórias incorporados ao longo de seus processos de
formação, criação e produção artísticos que lhe configurem uma
expressividade sociocultural. O estudo procura investigar como se estabelece a
potência criadora armazenada nos corpos dos artistas, apoiada no
entendimento do filósofo Bergson (1990), para quem a memória não é
simplesmente um regresso ao passado, mas algo que afeta o presente, capaz
de projetar uma ação no futuro. Visa-se, a princípio, mapear os grupos
profissionais de dança e companhias institucionais estáveis há pelo menos 10
anos de existência na região da Grande BH, ou seja, da cidade de Belo
Horizonte e seu entorno com o objetivo de realizar um estudo da corporeidade
artística local. Busca-se partir do artista atual, revisitar os elementos
constituintes de sua trajetória no campo da dança — professores, coreógrafos
e repertório coreográfico — e traçar um caminho de volta às origens formativas
e artísticas de seus respectivos precursores. Pretende-se analisar e identificar
a existência de um corpoforma flexível, corpo artístico que desenvolva as
ações de apropriação e incorporação dos diversos rastros de suas vivências e
experiências corpóreas realizadas ao longo de seu processo de formação,
criação e produção artística (MEIRELES, 2010). De acordo com as reflexões
de Bergson (1990), a memória não faz parte do passado e sim, se combina
com o presente, em um constante processo de passado presente, agindo no
corpo pelos elementos sensório-motores da ação atual, resgatando algo já
vivido no passado e conduzindo-o a um estado atuante e criador em sua
própria existência. Nesse sentido, esse estudo pretende identificar matrizes de
formação e criação corporificadas em um tempo suspenso de existência da
memória que possibilite a configuração de uma identidade corpórea.

Referências

ALVARENGA, Arnaldo Leite de. Dança Moderna e Educação da

Sensibilidade: Belo Horizonte (1959-1975). Dissertação de Mestrado

apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação – UFMG, 2002.

GROTOWSKI, Jerzi. (1985). Você é filho de alguém. 1987. Tradução livre e

não oficial de Cesário Augusto.

HERCOLES, Rosa Maria. Formas de comunicação do corpo: novas cartas

sobre a dança. Tese de Doutorado em Comunicação e Semiótica – Programa

de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica, Pontifícia

Universidade Católica, São Paulo, 2005.

MEIRELES, Tânia Mara Silva. Forma Incorporada: um olhar sobre a relação

forma e conteúdo expressivo no corpo cênico. Dissertação de Mestrado

apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes –

UFMG, 2010.

Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações