Videodança como prática colaborativa

  • Guilherme Barbosa Schulze

Resumo

Considerando-se a videodança como uma forma artística baseada no suporte
do vídeo, este artigo aborda os modos de compartilhamento de ideias em rede
durante suas etapas de elaboração. Por meio das ideias de Keith Sawyer sobre
criatividade em grupo, estabelece uma discussão sobre os caminhos em que
os diferentes papéis, tipicamente presentes no processo artístico da
videodança, podem interagir de forma sincrônica ou diacrônica. Este processo
frequentemente envolve ações corporais capturadas pela lente de uma câmera,
arquivadas, arranjadas e articuladas durante a edição. O olhar do diretor, que
pode incorporar uma série de outras funções como coreógrafo e editor, é
responsável pela tomada de decisões. Considera-se, no entanto, que a
videodança é resultado, sobretudo, de uma prática colaborativa ao depender
frequentemente da interação de diversos participantes em suas dimensões
criativas onde a dança pode estar presente: nos intérpretes, por meio da
criação e seleção dos movimentos; no uso do espaço e do tempo por meio dos
planos; e na forma como o material capturado é organizado durante a edição.
Aqui, a videodança não é compreendida como produto final, mas como
processo aberto. Ao mesmo tempo em que desconstrói as metodologias e
estéticas tradicionais da dança ao ser realocada para um novo suporte artístico
tecnológico, pode apresentar em seu processo estruturas com diferentes níveis
de abertura para participação de acordo com os graus possíveis de
colaboração. Este ponto de vista tem o potencial para contribuir para uma
discussão mais aprofundada sobre as formas de interação das diversas
funções em um grupo de produção de videodança.

Referências

McPHERSON, K. Making Video Dance – a step-by-step guide to creating

dance for the screen, London: Routledge, 2006.

SAWYER, R. K. Group creativity: music, theater, collaboration. Mahwah, N.J: Lawrence Erlbaum Associates, 2003.

SCHULZE, G. Distributed choreography: a framework to support the design of computer-based artefacts for choreographers with special reference to Brazil. 2005. 239f. Tese (PhD) – Curso de Dance Studies, Department of Dance Studies, University Of Surrey, Guildford – Inglaterra, 2005.

SCHULZE, G. Um olhar sobre videodança em dimensões. São Paulo: Anais do VI Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, 2010. Disponível em:

< http://www.portalabrace.org/vicongresso/pesquisadanca/Guilherme%20Barbosa%20Schulze%20%20Um%20olhar%20sobre%20videodan%e7a%20em%20

dimens%f5es.pdf.> Acesso em 13/04/2011.

Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações