O equívoco de Ariano Suassuna: o corpo instrumento na estética da dança armorial
Resumo
O Movimento Armorial, liderado por Ariano Suassuna a partir de 1970, com oobjetivo de desenvolver uma arte brasileira erudita fundamentada na cultura
popular, trouxe a proposta de uma renovação estética. As obras associadas a
esse movimento são abundantes na música, nas artes visuais, na literatura e
em suas adaptações para teatro, cinema e televisão. Porém, as tentativas de
compor uma dança armorial foram infrutíferas e geraram superposições falsas
e pouco criativas, duramente criticadas por Ariano Suassuna. A transposição
da sonoridade das músicas nordestinas para instrumentos clássicos foi um dos
elementos que auxiliaram a criação de uma música original. Seguindo a
mesma lógica, Suassuna escolheu bailarinos clássicos para coreografar seu
ideal de dança. Dessa forma, poderíamos supor que o corpo de baile
corresponderia à orquestra e o corpo do bailarino a um instrumento musical.
Porém, as iniciativas frustradas indicam que houve um equívoco ao se
considerar corpo e instrumento como sinônimos. Esse artigo irá abordar esse
equívoco e suas implicações no processo de criação da estética de dança
armorial.
Referências
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