O que se entende hoje por teatro político no Brasil?

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise crítica do que seria um teatro
político, com base em teorias de Bertolt Brecht, Frederico Irazábal, Jorge Dubatti,
Sérgio de Carvalho, Theodor Adorno, e de sua realização prática na cena teatral
brasileira atual. Esses teóricos trazem diferentes ideias sobre qual deve ser a
relação do teatro tanto com macro quanto com a micropolítica e sobre a forma que o
teatro político deve assumir. Essas teorias são usadas como base para pensar
produções do teatro brasileiro atual que buscam estabelecer uma relação entre a
arte e a sociedade. Especificamente, as produções teóricas e dramatúrgicas da
Companhia do Latão, e de seu diretor Sérgio de Carvalho, e o trabalho do Teatro da
Vertigem servem de exemplos desse tipo de teatro. A Companhia do Latão,
existente desde a década de 1990 em São Paulo, estabelece uma relação com a
produção teórica e dramatúrgica de Bertolt Brecht, e busca, por meio do teatro,
propor uma reflexão crítica sobre a sociedade atual. O Teatro da Vertigem, também
existente desde a década de 1990 em São Paulo, procura em seus trabalhos uma
relação dramatúrgica e cênica com espaços não convencionais da cidade, criando
espetáculos de intervenção urbana. Ambos os grupos trabalham com processos
colaborativos, numa relação mais democrática entre os artistas. O teatro político
pode então ser entendido tanto como um tipo de arte que se propõe a ser
ferramenta a serviço de uma transformação social, e que estabelece uma relação
histórica, como no caso da Companhia do Latão, quanto também como uma
possibilidade de abrir brechas na percepção automatizada do espectador e criar
novas zonas de subjetivação, como é o caso do Teatro da Vertigem.