As particularidades da encenação elisabetana e jacobina: uma introdução sobre a prática teatral da companhia King’s Men de Shakespeare

  • Aline Castaman
  • Clóvis Dias Massa

Resumo

Esta pesquisa visa elucidar algumas particularidades a respeito da encenação
realizada no período elisabetano e jacobino, em especial sobre a prática teatral
da companhia King’s Men, na qual William Shakespeare fazia parte como ator,
autor e sócio. Um dos aspectos significativos da era elisabetana e jacobina foi
o desenvolvimento do teatro profissional. Atores que precisavam pertencer a
uma companhia, companhias que precisavam possuir várias peças e fixá-las
no repertório, dramaturgos que precisavam manter-se em evidência para
continuar vendendo suas peças e claro, teatros que precisavam ter um número
considerável de frequentadores para manter os pagamentos em dia e não
correrem o risco de fechar. No final do século XVI, a companhia de
Shakespeare distinguiu-se das demais por tornar-se proprietária de seu próprio
local de apresentação, por seus membros serem atores e sócios e por ter o seu
próprio dramaturgo, o qual foi também bastante sagaz no que diz respeito ao
seu papel na companhia como homem de negócios. Esta pesquisa aprofunda
os estudos relativos à prática cênica desta companhia ao abordar as
especificidades relacionadas à questão funcional da organização do espetáculo
através de perspectivas diversas de comentaristas e críticos do período em
especial. Por esta razão, a metodologia que está sendo usada é de
procedimento histórico a partir de um levantamento crítico sobre os elementos
do espetáculo no período específico. A fundamentação abarca um estudo de
dois campos: a) Estudos históricos sobre o período elisabetano e jacobino.
Podem-se mencionar as obras de Stephen Greenblatt, Frank Kermode e
James Shapiro. Estes estudos servem como contextualizadores para a
pesquisa, concentrando-se nos aspectos extratextuais do contexto de época:
sociedade, política, estética; b) O estudo das técnicas cênicas da época
elisabetana e jacobina. Trata-se, aqui, de uma investigação sobre a
performance no teatro shakespeareano mencionando particularmente os
trabalhos de Andrew Gurr, B. L. Joseph, Ronald Watkins, Thomas Wright, John
Bulwer, Sister Miriam Joseph, Stanley Wells, Mariko Ichikawa e E. K.
Chambers, os quais são referências importantes na abordagem teórica deste
trabalho. Investigar possíveis reconstituições a respeito das várias companhias,
e da King’s Men em particular, debruçando-se sobre estudiosos que
recolheram materiais, evidências da prática cênica a partir da análise das
peças e também do modo de vida próprio daquela época traz contribuições em
relação às perspectivas do ator e do teatro elisabetano e jacobino como um
todo.

Referências

GREENBLATT, Stephen. Will in the World: how Shakespeare became

Shakespeare. New York: Norton & Company, 2004.

GURR, Andrew. The Shakespearean Stage, 1574-1642 – 3rd ed. Cambridge

University Press, 1992.

SHAPIRO, James S. 1599: Um ano na vida de William Shakespeare.

Tradução Cordélia Magalhães e Marcelo Musa Cavallari. – São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.