Teias de um jogo aberto: o pensamento do vídeo e a improvisação cênica em tempo real
Resumo
Este artigo está implicado na contínua busca pela multiplicidade de modos dever, relacionar e criar espaços e tempos no campo da arte improvisacional. Na
contemporaneidade, os modos de lidar com o conhecimento e a informação se
fazem de maneira prismática, fragmentada e subjetiva. Os mesmos assuntos
podem, devem e ganham desdobramentos distintos através de percursos
variados. Desta observação e de estudos continuados sobre a improvisação
cênica em tempo real nascem pistas intersemióticas que pretendem traçar um
percurso dramatúrgico nas relações da improvisação com o audiovisual, o
vídeo em particular. Neste caminho, a dramaturgia parte dos embates entre
corpo e ambiente que, em interação na cena em tempo real, produzem
camadas de semioses, termo conceitualizado pelo filósofo americano Pierce
como a ação inteligente do signo. Estas camadas correspondem então à ideia
de organização das cenas como em uma Timeline: programa de edição de
imagens. O modo com que o vídeo lida com a imagem e suas possibilidades de
uso apresentam-se, pela metáfora conceitual da Timeline, como uma maneira
de se pensar na dramaturgia da improvisação. Articula com os pesquisadores
Edgar Morin, António Damásio, Santana, Roubine, Lehmann, Aumont, Dubois e
Machado; Paxton, Nelson, Smith e Duck pelos estudos prático-teóricos em
improvisação.
Referências
AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 1993.
BENOIT, D’Agnes. Nouvelles de Danse. On the Edge, n. 32/33. Bruxelas:
Contradanse,1997.
COHEN, Renato. Working in Progress na Cena Contemporânea: Criação,
Encenação e Recepção. São Paulo, SP: Perspectiva, 2004.
DAMÁSIO, António. O Erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras: 1996.
DEBOIS, Phillipe. Cinema, Vídeo e Godard. São Paulo: Cosac e Naify, 2005.
HÉRCOLES, Rosa Maria. Formas de Comunicação do Corpo – Novas
Cartas sobre a Dança. Tese Doutorado – Comunicação e Semiótica (PUC – SP), 2005.
KERKHOVEN, Marianne Van. Nouvelles de Danse. Dossier Danse et
Dramaturgie, n. 31. Bruxelas: Contradanse, 1997.
LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pós-Dramático. São Paulo: Cosac e Naify, 2007.
MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. Campinas: Papirus, 1997.
MARTINS, Cleide. Improvisação Dança Cognição. Tese de doutorado –
Comunicação e Semiótica (PUC – SP), 2002.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São
Paulo: Cortez, 2007.
PALLOTINI, Renata. O que é Dramaturgia. São Paulo, SP: Brasiliense, 2006.
ROUBINE, Jean-Jacques. Introdução às grandes teorias do teatro. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
RYNGAERT, Jean-Pierre. Ler o Teatro Contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
SANTANA, Ivani. Dança na Cultura Digital. Salvador: Editora da UFBA, 2006.
SPOLIN, Viola. Improvisação Para o Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992.