Teias de um jogo aberto: o pensamento do vídeo e a improvisação cênica em tempo real

  • Daniela Guimarães
  • Ivani Santana

Resumo

Este artigo está implicado na contínua busca pela multiplicidade de modos de
ver, relacionar e criar espaços e tempos no campo da arte improvisacional. Na
contemporaneidade, os modos de lidar com o conhecimento e a informação se
fazem de maneira prismática, fragmentada e subjetiva. Os mesmos assuntos
podem, devem e ganham desdobramentos distintos através de percursos
variados. Desta observação e de estudos continuados sobre a improvisação
cênica em tempo real nascem pistas intersemióticas que pretendem traçar um
percurso dramatúrgico nas relações da improvisação com o audiovisual, o
vídeo em particular. Neste caminho, a dramaturgia parte dos embates entre
corpo e ambiente que, em interação na cena em tempo real, produzem
camadas de semioses, termo conceitualizado pelo filósofo americano Pierce
como a ação inteligente do signo. Estas camadas correspondem então à ideia
de organização das cenas como em uma Timeline: programa de edição de
imagens. O modo com que o vídeo lida com a imagem e suas possibilidades de
uso apresentam-se, pela metáfora conceitual da Timeline, como uma maneira
de se pensar na dramaturgia da improvisação. Articula com os pesquisadores
Edgar Morin, António Damásio, Santana, Roubine, Lehmann, Aumont, Dubois e
Machado; Paxton, Nelson, Smith e Duck pelos estudos prático-teóricos em
improvisação.

Referências

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Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas