O efeito de presença provocado pela sonoridade no espetáculo “Os Cegos”, de Denis Marleau

  • Maíra Castilhos Coelho
  • Mirna Spritzer

Resumo

Na peça “Os cegos”, de Maurice Maeterlinck, e encenada por Denis Marleau, a
sonorização dos atores e as manipulações operadas sobre as vozes não visam
produzir efeitos especiais, mas sim harmonizar o desenho sonoro do palco. Há
uma articulação entre o sentido, a voz, as formas e o ritmo, e esses elementos
surgem para reforçar o texto literário. Desta forma, este artigo pretende analisar
a voz poética do espetáculo, que ocupa o espaço e toca o espectador. Como o
ator não está presente fisicamente na cena, somente a projeção de sua
imagem, talvez a presença do ator surja através de sua voz. E como o som é a
propagação de uma onda mecânica, que se espalha pelo espaço, talvez a voz
do ator consiga ultrapassar o veículo mediador e ter presença, uma presença
sonora.

Referências

BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982.

MAETERLINCK, Maurice. Los Ciegos. Madrid: Ediciones Cátedra, 2009.

PELICORI, Ingrid. Caligrafía de la voz. Buenos Aires: Leviatán, 2007.

SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Editora da UNESP,

SETTI, Isabel. O corpo da palavra não é fixo, deixa-se tocar pelo tempo e

seus espaços. In: Sala Preta, n.7. São Paulo: ECA/USP, 2007, pp. 25-31.

SPRITZER, Mirna. Silêncio, escuta e a performance da palavra. Memória

ABRACE, 2009. Disponível em: < http://portalabrace.org/portal/memorial>

Acesso em 29 mar. 2010.

ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. São Paulo: Ed. Hucitec, 1997.

_____________. Escritura e Nomadismo. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2005.

Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas